O ex-ministro da Fazenda ainda não tem garantida a vaga para disputar o Senado na chapa governista, mas o caminho está aberto para ele

Politicamente, 2022 é o ano que já começou. Olhar no calendário reforça essa perspectiva — faltam um ano e quatro meses para as próximas eleições. Aos olhos dos observadores, são poucos os partidos que não se apressaram em traçar seus planos. Entretanto, há aqueles que já têm em suas mãos as análises, rascunhos de estratégias para a disputa nas urnas e, principalmente, várias pesquisas qualitativas e quantitativas. Claramente ainda faltam muitas definições partidárias e de suas lideranças que darão o real panorama das eleições, mas já há muitos elementos que dão evidentes indícios de como será a largada da corrida eleitoral, que promete ser movimentadíssima.

Os principais partidos têm se movimentado — intensamente focados em encabeçar alianças ou mesmo em ter poderio político para estar nas melhores composições. Hoje vale um destaque para o PSD goiano. A sigla assumiu protagonismo e ganhou espaços nas eleições municipais em Goiânia, em que o senador Vanderlan Cardoso ficou em segundo lugar nas urnas, perdendo a prefeitura da capital para Maguito Vilela (MDB). De lá para cá, a legenda não deixou de se movimentar para garantir os espaços em 2022.

O PSD está em pré-campanha. O partido reúne forças e já implementa uma agenda para pautar e tratar das alianças para o ano que vem. E essas tratativas têm como grande indutor o secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles. De volta à legenda, depois de ter sido membro fundador da sigla em 2011 e disputado a Presidência da República pelo MDB em 2018, Meirelles foi lançado pré-candidato ao Senado por Goiás, para disputar única vaga do Estado em 2022. O plano do PSD é que ele consiga estar na chapa que visa a reeleição do governador Ronaldo Caiado (DEM) — uma composição que ainda deve passar por muitas negociações, tendo em vista que muitos políticos também almejam a vaga.

O PSD tem feito a tarefa de casa. Na última semana, durante evento de lançamento das obras de duplicação da GO-010, em Senador Canedo, o senador Vanderlan Cardoso reforçou que vai apoiar a reeleição do governador Ronaldo Caiado em 2022. Enfatizou que não fala em nome do PSD, mas dele próprio, mas sendo uma liderança forte e um dos responsáveis pela volta de Meirelles ao partido, a fala tem peso partidário e evidencia o trabalho que a sigla tem pautado em Goiás — a busca por estreitar os laços com a ala governista, viabilizando a candidatura do ex-ministro da Fazenda ao Senado.

As declarações de Vanderlan Cardoso não devem ser encaradas como uma opinião isolada. Elas são, entre outros, sinais do desejo do PSD goiano em ter Meirelles candidato ao Senado na chapa caiadista. O partido vê nessa possibilidade resultados para além de contar com mais uma cadeira no Senado (embora seja de extrema relevância o passar a ter dois dos três senadores). E que a composição que se desenha para 2022 terá reflexos em 2026, quando o PSD poderá buscar ser o protagonista na eleição ao governo do Estado, tendo grande capital político para atrair apoios e base para alianças amplas.

Vanderlan e o PSD saem na frente ao tentar já propor agendas que reinsira Meirelles no cenário político de Goiás e faça claras demonstrações de apoio à reeleição de Ronaldo Caiado. Mas, como foi citado no início deste texto, ainda são aguardadas definições, e entre eles estão alguns obstáculos para que Meirelles seja de fato candidato ao Senado na chapa governista. Entre elas está a parceria firmada entre o governador e o veterano Iris Rezende, que pode até seguir aposentado, mas vai ter grande influência nas negociações. Ele pode indicar um nome para disputar a vaga de senador ao lado do democrata. Há também o Republicanos, do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, que trabalha forte para que o deputado federal João Campos fique com a vaga de senador.

Outro ponto que pode atrapalhar as pretensões de Meirelles na chapa de Caiado seria quanto ao seu discurso. Caso adote narrativas que exaltem não só os resultados de sua passagem pelo governo do presidente Michel Temer, mas que deem destaque programas executados pelo governo Lula da Silva (quando foi presidente do Banco Central), ele ficará desalinhado com o governador do Estado, que sempre foi ferrenho crítico às políticas do PT, além de sua proximidade com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Os prazos para as definições das eleições de 2022 estão correndo de forma acelerada. O PSD tem ganhado espaços e Meirelles tem em Goiás um campo fértil para cultivar sua candidatura ao Senado, na chapa governista, como quer a maior parte do seu partido. Os políticos mais experientes dizem que só faltam alguns ajustes para que essa aliança se torne plenamente viável.