Média de novos casos é de 2,5 mil e de mortes de 170 por dia, mas ministro Teich pede dez dias para apresentar seu plano de ação

A primeira coletiva com presença do atual ministro da Saúde, Nelson Teich, foi uma mostra de como a política – mais especificamente, a politicagem – faz o Brasil perder tempo. O substituto de Luiz Henrique Mandetta demorou cinco dias para falar e, quando o fez, deixou claro que ainda precisa conhecer melhor como está funcionando o combate ao coronavírus e pediu de sete a dez dias para anunciar o seu próprio planejamento.

A conta é assustadoramente irônica. São duas semanas entre a troca de ministro e o início efetivo de um novo plano para conter a pandemia de Covid-19 no Brasil: exatamente o período de incubação do coronavírus Sars-CoV-2, o causador da doença.

Na semana em que Teich assumiu o cargo, a média diária de novos casos confirmados de Covid-19 foi de 2,5 mil. E a de mortes, 172. Caso o ritmo se mantenha, ele entregará seu plano com 25 mil casos e 1,7 mil mortes a mais. Obviamente, a evolução não é linear assim e a disseminação e as mortes não podem ser colocadas na conta de Teich, que acabou de chegar.

Cadê o Guedes?

Mas os números são indicativos de como a troca de comando com a bola rolando pode ser arriscada. Em um campeonato de tiro curto – para seguir no jargão futebolístico – é uma aposta ainda mais delicada. Curiosamente, o próprio Teich afirmou, na entrevista coletiva, que o Brasil está melhor que os demais países. Para que, então, mudar?

Outro aspecto intrigante foi que o ministro da Economia, Paulo Guedes, não participou do anúncio do plano para tirar o Brasil do atoleiro no pós-pandemia. Coube ao general Braga Netto, da Casa Civil, assumir o posto de timoneiro do pacote de R$ 30 bilhões. É um claro esvaziamento do Posto Ipiranga de Bolsonaro.