Em sua passagem apagada pelo Ministério da Saúde, o oncologista, que saiu para preservar sua biografia, conseguiu apenas ser fonte inesgotável de memes

Eu sou você amanhã: os ex-ministros Teich e Mandetta | Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

No dia 17 de abril, o agora ex-ministro da Saúde Nelson Teich assumia o cargo em substituição a Luiz Henrique Mandetta – demitido em um processo que culminou em uma explícita insubordinação ao presidente Jair Bolsonaro. Oncologista, consultor na área de saúde e com sólida carreira no ramo da saúde privada, Teich deixa o cargo para salvar a própria biografia (mesmo motivo alegado pelo antecessor).

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Na data da posse de Teich, o Brasil tinha 33,8 mil casos confirmados de Covid-19. No seu último dia no cargo, tinha 203 mil. Um acréscimo de 600%. A quantidade de mortes estava oficializada em 2,1 mil. Agora, já são 14 mil (650% a mais) e o número continua subindo.

Colocar na conta dele a explosão do coronavírus no País é injustiça. Mas a imobilidade do Ministério da Saúde nesse período colaborou, e muito, para que o Brasil se tornasse o segundo país em que há mais mortes registradas diariamente no planeta, atrás apenas dos Estados Unidos, posto que ocupa há nove dias seguidos.

Quem conhece o mínimo sequer da burocracia estatal sabe o que significam mudanças de equipe. Os processos param, muitos não são retomados, e até que outros comecem a andar se vão muitos dias desperdiçados nos escaninhos da máquina pública. Em meio a uma pandemia tão letal, cada dia perdido no combate é uma vitória a mais para a morte.

Ao que tudo indica, Teich renunciou porque não queria colocar sua credibilidade como médico em xeque. Desde que assumiu, não comprou a ideia da cloroquina e da hidroxicloroquima como o Santo Graal contra a Covid-19, mantendo os protocolos de Mandetta, e manteve a defesa do isolamento social como única arma atualmente eficaz contra o coronavírus.

Em sua passagem desastrosa no Ministério da Saúde, o máximo que Teich conseguiu foi ser transformado no personagem preferido dos criadores de memes.