São 21 pré-candidatos, mas menos de um terço deles tem competitividade; alguns vão desistir antes das convenções, outros podem se aliar com nomes mais viáveis

São 21 pré-candidatos, mas menos de um terço deles tem competitividade | Fotos: Divulgação

O Brasil vive um momento tão complicado, politicamente falando, que há pouca certeza de que todos os pré-candidatos à Presi­dên­cia já oficialmente declarados vão, de fato, disputar o pleito. A Lava Jato, a Justiça, o Supremo Tribunal Federal, e sabe-se lá quem mais podem derrubar pretensos candidatos a qualquer momento. Dois já desistiram por absoluta falta de competitividade: a jornalista Valéria Monteiro (PMN) e o cirurgião plástico Dr. Rey. O presidente Michel Temer se põe como pré-candidato, mas nem ele mesmo parece acreditar nisso.

A menos de quatro meses do início do registro das candidaturas, por enquanto, ao menos 21 nomes se lançaram na disputa — dos quais 14 já foram oficializados por seus partidos. Pelo calendário eleitoral deste ano, os candidatos só serão confirmados entre 20 de julho e 5 de agosto, período em que poderão ser realizadas as convenções partidárias. Vai a lista por questão de registro.

Álvaro Dias (Podemos)

O senador anunciou a sua pré-candidatura no Rio de Janeiro, em novembro de 2017. Foi expulso do PSDB por agir contra orientações da legenda. Em 2016, entrou no PV e, com projeto presidencial, filiou-se ao Podemos no ano passado.

Ciro Gomes (PDT)

Foi oficializado pré-candidato a presidente pelo PDT no mês passado. Ciro admite que gostaria do apoio do PT na disputa e já declarou que Fernando Haddad seria um “vice dos sonhos”. Candidato ao Planalto em 2002, o ex-governador do Ceará também foi ministro da Integração Nacional no governo Lula.

Fernando Collor (PTC)

Primeiro presidente eleito pelo voto direto após a ditadura militar, Collor de Mello anunciou o retorno à disputa pelo Planalto em 19 de janeiro. “Este é o momento dos mais importantes da minha vida”, disse, no agreste alagoano. Foi alvo de processo de impeachment em 1992 e, desde 2006, é senador. Está sob investigação da Lava Jato.

Flávio Rocha (PRB)

Dono da Riachuelo, Rocha se filiou ao PRB em março e foi oficializado pré-candidato ao Palácio do Planalto. Foi deputado federal duas vezes e, em 1994, quis disputar a Presidência, mas foi preterido no partido (era o PL). Defende veementemente as reformas estruturais e um Estado menor.

Geraldo Alckmin (PSDB)

O ex-governador de São Paulo é pré-candidato à Presidência após vencer uma batalha interna. O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, queria disputar, mas o peso do tucanato paulista foi decisivo e ele desistiu ante a derrota inevitável se houvesse consulta interna. O médico já foi deputado estadual e federal por São Paulo e foi eleito governador do Estado em 2010 e 2014. Alckmin já está em viagem pelo País. Na sexta-feira, 13, esteve em Rio Verde, na feira Tecnoshow Comigo, ao lado do governador de Goiás, José Eliton (PSDB), pré-candidato tucano à reeleição.

Guilherme Boulos (Psol)

Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Boulos confirmou sua pré-candidatura ao Planalto em março. Porém, sua intenção causou estranhamento dentro do PSOL. Há quem reclame que sua candidatura foi construída “de fora para dentro” e com o “dedo” de Lula e poderia ser o nome das esquerdas se o ex-presidente, cumprindo pena na cadeia, não disputar.

Jair Bolsonaro (PSL)

Depois de ensaiar filiação em três ou quatro partidos, no mês passado fechou com o PSL. O deputado federal cumpre seu sétimo mandato. Em seu discurso, defende o armamento da população e opõe-se ao casamento de pessoas do mesmo sexo. Tem aparecido na segunda colocação, atrás de Lula, nas pesquisas de intenção de voto, mas em algumas projeções chega a suplantar o petista condenado.

João Amoêdo (Novo)

Fundador do Novo, foi anunciado candidato em novembro do ano passado. Ex-banqueiro, abandonou o mercado financeiro para criar o partido com o objetivo de renovar a política brasileira. É defensor do liberalismo econômico.

João Vicente Goulart (PPL)

Filho do ex-presidente João Goulart, deposto pela ditadura militar em 1964, o ex-deputado João Vicente apresentou sua pré-candidatura à Presidência no mês passado. Ele deixou o PDT no ano passado, em razão de estar insatisfeito com o presidente da sigla, o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi.

José Maria Eymael (PSDC)

Um “eterno” candidato (será a quarta vez) à Presidência do Brasil. Consagrado pelo jingle “ei, ei, Eymael”, venceu somente duas eleições, em 1986 e 1990, para deputado federal por São Paulo. Defende a bandeira da direita.

Levy Fidelix (PRTB)

Fidelix divulgou sua pré-candidatura à Presidência em novembro. Presidente nacional do partido, disputou uma vaga ao Planalto por três vezes: 1994, 2010 e 2014. Também tentou se eleger deputado estadual, federal, prefeito e governador de São Paulo, mas nunca foi eleito.

Manuela D’Ávila (PCdoB)

Deputada estadual no Rio Grande do Sul, foi lançada oficialmente candidata em novembro do ano passado. Será a primeira vez, desde 1989, que o PCdoB disputará o cargo separado do PT. Manuela cumpriu dois mandatos como deputada federal e disputou a Prefeitura de Porto Alegre em 2008 e 2012.

Marina Silva (Rede)

Ex-senadora e fundadora da Rede, Marina lançou sua pré-candidatura em dezembro de 2017. Foi a terceira colocada nas duas últimas eleições ao Planalto, em 2010 e 2014. Mesmo com bom desempenho em pesquisas, enfrenta o afastamento de aliados. Marina é criticada por se omitir dos debates nacionais e só aparecer na época de eleição.

Paulo Rabello (PSC)

Ex-presidente do Banco Nacio­nal de Desenvolvimento Econômi­co e Social (BNDES), o economista lançou-se como pré-candidato em novembro de 2017. Suas pretensões eleitorais foram alvo de críticas dentro do governo, que acreditava que Rabello estava usando a instituição para alavancar a sua imagem.

Rodrigo Maia (DEM)

O presidente da Câmara dos Deputado foi lançado candidato na convenção nacional do DEM, no dia 8 de março. Aliada histórica do PSDB, a legenda não tem candidato próprio na disputa ao Planalto desde as eleições de 1989. Integrante da base de Michel Temer, o partido quer se distanciar do atual governo.

Vera Lucia (PSTU)

O PSTU, que nas últimas vezes concorreu com o candidato José Maria de Almeida (Zé Maria), lançará uma chapa com a sindicalista sergipana. Vera Lúcia, 50 anos, sapateira, foi militante no PT e integrante do grupo fundador do PSTU. O vice na chapa é Hertz Dias, 47 anos, militante do movimento negro.

Cabo Daciolo (Avante)

O deputado federal confirmou sua candidatura no início de fevereiro. Controverso, ele se destaca por assumir atitudes malucas. Em setembro do ano passado, por exemplo, Daciolo defendeu o fechamento do Congresso e a intervenção militar no País.

Cristovam Buarque (PPS)

O senador anunciou, em novembro de 2017, licença para concorrer à Presidência neste ano. Depois de apresentar sua intenção à legenda, o ex-governador do Distrito Federal (DF) tenta viabilizar sua candidatura. Cristovam foi ministro da Educação no primeiro governo Lula, tendo sido demitido pelo petista via telefone, fato que nas circunstâncias atuais pode ser positivo para a campanha do senador.

Henrique Meirelles (MDB)

O ex-ministro da Fazenda abriu sua pretensão a concorrer a presidente ao se filiar ao MDB. Foi presidente do Banco Central nos governos de Lula. E pouca gente se lembra, mas Meirelles se elegeu deputado federal por Goiás, em 2002. Está em pré-campanha pelo País e também visitou a feira Tecnoshow Comigo, na quinta-feira, 12, onde andou com o deputado federal Daniel Vilela, pré-candidato emedebista ao governo estadual. Especula-se que Meirelles possa ser vice em uma hipotética chapa com Michel Temer, o que o ex-ministro nega.

Joaquim Barbosa (PSB)

O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) filiou-se ao PSB em 6 de março, mas ainda não teve a candidatura oficializada. De acordo com o líder do PSB na Câmara, Júlio Delgado (MG), ainda é necessário “construir sua candidatura em todo o País”. A especulação do momento é que Barbosa poderia ter um vice petista.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

O ex-presidente vê suas chances de disputar as eleições minguarem desde a condenação em segunda instância no caso do triplex do Guarujá e a consequente prisão. O PT tem insistido que ele segue como o nome do partido para a disputa do Planalto, mas nos bastidores se fala em Fernando Haddad para substituir Lula ou mesmo numa composição com Ciro Gomes ou com o PSB.