Como a desistência de Ana Paula Rezende muda o jogo
03 setembro 2023 às 00h01
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Ana Paula Rezende era a alternativa favorita do MDB para disputar a prefeitura de Goiânia em 2024. A filha do ex-prefeito e ex-governador Iris Rezende era conveniente não apenas por suas qualidades, mas porque o contexto pede protagonismo do partido na capital. Agora, o MDB deve decidir entre duas alternativas: inventar um nome novo ou apoiar o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) Bruno Peixoto (UB).
Três fatores incentivam o MDB: primeiro, a baixa popularidade do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) abre uma porta para a oposição, provocando sentimento de mudança nos eleitores. Segundo, os governadores de Goiás tiveram dificuldades históricas para eleger prefeitos em Goiânia, mas hoje Ronaldo Caiado (UB) tem boa aprovação e é um aliado do MDB. Por último, os adversários estão desmontados. Além de Vanderlan Cardoso (PSD), que enfrentará a máquina, não há oponentes articulados.
Apesar do cenário favorável, a alternativa B da sigla começa a demorar demais para se concretizar. Gustavo Mendanha depende de uma consulta ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na qual sua equipe jurídica deve argumentar pela excepcionalidade de seu caso. O ex-prefeito de Aparecida de Goiânia busca disputar um terceiro mandato em uma cidade vizinha. Membros do partido acreditam que, embora Mendanha tenha um bom argumento, a decisão do TSE pode abrir precedente para outras cidades e que, portanto, a corte deve dar parecer negativo à consulta.
Na última semana, em evento de filiação do prefeito de Aparecida de Goiânia Vilmar Mariano (MDB), o vice-governador Daniel Vilela falou abertamente sobre a possibilidade de apoiar Bruno Peixoto. A sinalização tem sido compreendida como um apoio do próprio governador, por procuração de Daniel Vilela. Ao lado de Bruno Peixoto, pesa sua aprovação unânime entre deputados estaduais e a máquina da Alego.
Como afirmou o prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PP), em entrevista ao Jornal Opção, “Em Goiânia, há quatro máquinas. Você tem a máquina da própria Prefeitura, a do governo estadual, a da Assembleia Legislativa Estadual e tem ainda mais uma máquina – a da Câmara de Vereadores, que hoje está na mão de Romário Policarpo (Patriota)”. Em mais um aforismo, o prefeito anapolino disse “quem tem a caneta tem a vantagem”. A habilidade de Bruno Peixoto em beneficiar lideranças políticas pode trazer o MDB para sua base de apoio.
Pesa contra Bruno Peixoto o fato de que, caso seja eleito prefeito de Goiânia, a presidência da Alego ficará vaga. Neste cenário, o vice-presidente da casa assume por 30 dias e convoca uma nova eleição. Há o risco de que esse novo presidente não seja um aliado tão fiel do governo, o que pode convencer o governador a deixar Bruno Peixoto onde está.
Por isso, membros do partido, como o próprio Gustavo Mendanha, defendem fazer pesquisas para verificar o perfil de candidato que o eleitorado está buscando. Sua tese é que se deve elaborar um plano de governo para ser defendido por um novo candidato, ainda a ser inventado no ano que falta para as eleições de 2024.