A polarização entre Lula e Bolsonaro tem reflexos na política local, mas não pressupõe que o mesmo cenário seja replicado por aqui

Se não fosse pela pandemia, é certo que os embates políticos que têm seus olhos voltados para 2022 já estariam mais acirrados. Entretanto, mesmo em cenário pandêmico, as articulações não deixaram de existir, e agora ganham mais corpo e se afunilam para a disputa em 2022. Não há dúvida de que o que o episódio que mais mexeu com o tabuleiro político foi o fato de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recuperar seus direitos políticos — em março deste ano, após a anulação da condenação imposta pela Operação Lava Jato. A polarização entre petistas e bolsonaristas, que deu a tônica da campanha em 2018, pode se repetir, e seus reflexos não ficam isolados apenas no cenário nacional. As movimentações partidárias e políticas se redesenham também nos Estados.

A cerca de um ano do início da campanha presidencial, Jair Bolsonaro (sem partido) aderiu a uma agenda de concessões à base de apoio e ampliou suas viagens e eventos públicos — principalmente as famosas motociatas ou comiciatas. Ao mesmo tempo que o presidente turbina sua pré-campanha, ele encoraja apoiadores e busca formatar palanques nos Estados.

Os movimentos pré-campanha de Bolsonaro têm funcionado na mobilização de seus apoiadores. Muitos se mostraram animados com os rumos das eleições presidenciais e confiantes na polarização Lula x Bolsonaro. Exemplo é o deputado federal Major Vitor Hugo (PSL), ex-líder do governo na Câmara Federal, que se anima com a possibilidade de ser o candidato de bolsonarista ao governo do Estado (ou ao Senado). Também há chances de assumir o comando estadual do Patriota, caso o presidente se filie e tenha êxito em lotear a sigla entre seus apoiadores. Ressalve-se que o aliado de Bolsonaro no partido, Adilson Barroso, foi escanteado por outro grupo, ao qual pertence o presidente do Patriota em Goiás, Jorcelino Braga.

A animação do deputado Major Vitor Hugo foi demonstrada na última semana, quando, em declarações à imprensa, cobrou que o governador Ronaldo Caiado (DEM) se posicione em relação ao seu apoio a Bolsonaro. A fala do parlamentar indica que, caso o democrata não demonstre alinhamento com o presidente desde já, os bolsonaristas podem lançar um candidato ao governo do Estado. Quem se vislumbra-se com a possibilidade é o próprio Major Vitor Hugo.

Apesar da insistência de Major Vitor Hugo para que Caiado demonstre total alinhamento ao governo Bolsonaro, para que assim tenha o apoio bolsonarista em 2022, não há perspectiva de que o governador o faça — não agora, a mais de um ano do começo da campanha eleitoral. Há alguns motivos para isso, que vão desde a formatação do cenário para o ano que vem, passando pelo perfil político do governador. Frise-se que, na hipótese de segundo turno, entre Lula e Bolsonaro, o presidente vai precisar de apoio nos Estados. O parlamentar precisa estar atento ao fato, ou seja, não deve arrombar portas abertas.

A polarização entre Lula e Bolsonaro tem reflexos na política local, mas não pressupõe que o mesmo cenário seja replicado por aqui, ou seja, esse antagonismo entre eleitores petistas e bolsonaristas não encontra ambiente na eleição para o governo do Estado. Essa é uma das razões para que o governador Ronaldo Caiado não se sinta pressionado em reforçar qualquer alinhamento com o presidente — embora perceba-se que há parceria administrativa entre União e o Estado. Acrescente-se o fato de que o DEM pode lançar candidato a presidente, possivelmente Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro.

Talvez os bolsonaristas temam que, ao não expor seu apoio ao presidente de forma inflamada — como eles desejam —, Caiado possa se inclinar para o lado de algum outro candidato à Presidência — uma avaliação errônea. O governador é opositor ao PT de Lula desde que era deputado federal. A relação de Caiado com outro possível presidenciável, João Doria (PSDB), é inexistente e os colocam em lados opostos — isso foi agravado ainda mais após o governador tucano adotar a vacina CoronaVac como plataforma de pré-campanha, criando constrangimento com outros governadores, o que gerou atritos públicos entre os dois.

Embora em 2018 muitos candidatos tenham navegado na onda bolsonarista para se eleger — entre eles alguns governadores como o próprio João Dória (SP) e Wilson Witzel (RJ) —, este não é um efeito deva se repetir em 2022. Em Goiás é improvável. Caiado conseguiu nos primeiros anos de mandato — e mesmo durante a crise sanitária gerada pela Covid-19 e as medidas impopulares que foram necessárias — alcançar boa aprovação entre os goianos. Além das pesquisas que já apontam isso, as manifestações de apoio de parlamentares e prefeitos indicam a aceitação da forma de gerir, o que favorece uma possível reeleição.

O governador é dono de um perfil discreto quando se fala em articulação política. As costuras partidárias e as tratativas ocorrem de forma constante, mas elas ocorrem quase sempre em encontros, reuniões fechadas de demonstrações ponderadas, que se tornam públicas quando são apresentados resultados práticos das alianças. São esses fatores que nos levam a crer que, embora alguns bolsonaristas queiram pressionar Caiado a declarar alinhamento político com Bolsonaro — já visando 2022 — , ele não deve ceder.

A cerca de um ano do início da campanha presidencial, Jair Bolsonaro (sem partido) aderiu a uma agenda de concessões à base de apoio e ampliou suas viagens e eventos públicos – principalmente as famosas motociatas. Ao mesmo tempo que o presidente turbina sua pré-campanha, ele encoraja apoiadores e busca formatar palanques nos estados.

Os movimentos pré-campanha de Bolsonaro tem funcionado na mobilização de seus apoiadores. Muitos se mostraram animados com os rumos das eleições presidenciais e confiantes na polarização Lula x Bolsonaro. Exemplo é o deputado federal e ex-líder do governo na Câmara Federal, Major Vitor Hugo (PSL), que se anima com a possibilidade de ser o candidato de bolsonarista ao governo do Estado – também há chances de assumir o comando estadual do Patriota, caso o presidente se filie e tenha êxito em lotear a sigla entre seus apoiadores.

A animação do deputado Vitor Hugo foi demonstrada na última semana, quando em declarações à imprensa goiana ele cobrou que o governador Ronaldo Caiado (DEM) se posicione em relação ao seu apoio a Bolsonaro. A fala do parlamentar indica que, caso o democrata não demonstre alinhamento com o presidente desde já, os bolsonaristas podem lançar um candidato ao governo do Estado –  é quem se vislumbra-se com a possibilidade é o próprio Major Vitor Hugo.

Apesar da insistência de Major Vitor Hugo para que Caiado demonstre total alinhamento ao governo Bolsonaro, para que assim tenha o apoio bolsonarista em 2022, não há perspectiva de que o governador o faça – não agora, a mais de um ano do começo da campanha eleitoral. Há alguns motivos para isso, que vão desde a formatação do cenário para o ano que vem, passando pelo perfil  político do governador.

A polarização entre Lula e Bolsonaro tem reflexos na política local, mas não pressupõe que o mesmo cenário seja replicado por aqui, ou seja, esse antagonismo entre eleitores petistas e bolsonaristas não encontra ambiente na eleição para o governo do Estado. Essa é uma das razões para que o governador Ronaldo Caiado não se sinta pressionado em reforçar qualquer alinhamento com o presidente –  embora perceba-se que há parceria administrativa entre União e o Estado.

Talvez os bolsonaristas temam que ao não expor seu apoio ao presidente de forma inflamada – como eles desejam -, Caiado possa se inclinar para o lado de algum outro candidato à presidência – uma avaliação errônea. O governador é opositor ao PT de Lula desde que era deputado federal. A relação de Caiado com outro possível presidenciável, João Dória (PSDB), é inexistente e os colocam em lados opostos –  isso foi agravado ainda mais após o governador tucano adotar a vacina CoronaVac como plataforma de pré-campanha, criando constrangimento com outros governadores, o que gerou atritos públicos entre os dois.

Embora em 2018 muitos candidatos tenham navegado na onda bolsonarista para se eleger – entre eles alguns governadores como o próprio João Dória (SP) e Wilson Witzel (RJ) – , este não é um efeito deva se repetir em 2022. Em Goiás é improvável. Caiado conseguiu nos primeiros anos de mandato – e mesmo durante a crise sanitária gerada pela Covid-19 e as medidas impopulares que foram necessárias – alcançar boa aprovação entre os goianos. Além das pesquisas que já apontam isso, as manifestações de apoio de parlamentares e prefeitos indicam a aceitação da forma de gerir, o que favorece uma possível reeleição.

O governador é dono de um perfil discreto quando se fala em articulação política. As costuras partidárias e as tratativas ocorrem de forma constante, mas elas ocorrem quase sempre em encontros,  reuniões fechadas de demonstrações ponderadas, que se tornam públicas quando são apresentados resultados práticos das alianças. São esses fatores que nos levam a crer que, embora alguns bolsonaristas queiram pressionar Caiado a declarar alinhamento político com Bolsonaro – já visando 2022- , ele não deve ceder.