Próximo de completar seis meses do primeiro turno das eleições, ainda há muitos pontos para se analisar sobre os resultados. Entre eles está a vitória significativa de candidatos a deputado federal e ao senado que possuem atuação e pautas alinhados a direita e ao bolsonorismo – destacando que essa mesma força não foi capaz de reeleger Jair Bolsonaro (PL).

A primeira vista, o resultado da eleição levou a crer que o bolsonarismo já era vitorioso, mesmo com a derrota de Jair Bolsonaro. O resultado de uma campanha tão polarizada tinha como resultado a demonstração de maior força da direita e da extrema-direita. A partir da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno, criou-se a expectativa de que a oposição no Congresso contasse como mais poderio, capaz de emperrar o governo petista. Os mais extremistas acreditavam – alguns ainda acreditam – que tinham força para provocar o impeachment já nos primeiros dias de governo.

A leitura desse cenário veio com a vitória expressiva de candidatos apoiados ou ligados a família Bolsonaro. A começar pelo ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), na disputa pelo governo de São Paulo  deixou Fernando Haddad (PT) para trás e chegou no segundo turno com vantagens contra o petista. O filho 02 do capitão, Eduardo Bolsonaro (PL), embora não tenha repetido a estrondosa votação de 2018, foi reeleito deputado federal com 738.000 votos. Ele obteve menos sufrágios que Carla Zambelli (PL, com 942.000) e mais do que Ricardo Salles (também PL, com 638.000). No Distrito Bia Kicis (PL) conquistou mais um mandato e fica mais quatro anos na Câmara. Adiciona-se a essa lista os ex-ministros que se elegeram senadores, como Marcos Pontes (PL-SP), Damares Alves (Republicanos-DF), Hamilton Mourão (Republicanos-RS), Magno Malta (PL-ES) e Rogério Marinho (PL-RN).

O que se observa é que as eleições de 2022 criaram uma nova relação de forças no Congresso Nacional. Na Câmara dos Deputados, a maior bancada ficou com o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que elegeu 99 deputados. A segunda colocação ficou com a Federação Brasil da Esperança (formada PT, PCdoB e PV), que somou 81 cadeiras e que apoia o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Já a terceira maior bancada é a do União Brasil, com 59 deputados eleitos. No Senado, o PL conquistou 6 novas cadeiras, além de ter reeleito dois integrantes; e terá 14 senadores na legislatura, a maior bancada da Casa. O segundo maior partido do Senado agora em 2023 é o PSD, que tem 11 nomes. União Brasil e MDB tem 10 senadores, e o PT, 9.

Mas nesse início de ano legislativo o que se nota é que o enquanto o governo federal engata em pautas estratégicas, como os programas sociais e a reorganização das contas públicas, o maior partido de oposição, o PL, se organiza para tentar barrar os projetos do Executivo no Congresso e defender pautas conservadoras, mas ainda sem força significativa. Um breve olhar, nos leva a perceber a falta de articulação entre a oposição. Parece isolada. 

A estratégia do PL – partido escolhido para liderar a oposição  – visa as eleições municipais de 2024. A sigla quer triplicar o número de prefeituras que controla, aumentando a capilaridade e a força para as eleições nacionais de 2026. 

Enquanto isso, Lula, que articula-se muito bem, vai ganhando espaço no Congresso, e ainda assim, tende a conquistar votos dos parlamentares de outros partidos que nem mesmo ganharam cadeira na Esplanada dos Ministérios. Legendas como o Republicanos, PSDB e Podemos declararam que serão independentes ou não formalizaram se serão de oposição ou situação – o que abre brecha para negociações com o atual governo. Também é possível para Lula ter apoio de parlamentares isolados do PP (outro partido da base de Bolsonaro) e até mesmo do PL (a legenda do ex-presidente).

Ao analisar as posições dos deputados goianos, se percebe que há mais tendência de alinhamento com o governo de Lula do que disposição caminharem com a oposição. A coluna Bastidores do Jornal Opção já adiantou que esquerda, centro e direita de Goiás já estão compondo e, em alguns casos, se preparando para compor com a gestão do petista-chefe. Dos 17 deputados que representam o Estado, 12 estão fechados ou tem disposição em fechar com a base petista.

Por hora ficam de fora da lista os deputados Gustavo Gayer, Professor Alcides, Magda Mofatto, Daniel Agrobom – todos do PL – e Jefferson Rodrigues (Republicanos). 

O alinhamento da maior parte dos deputados goianos com o governo petista surge como interessante – ao menos por hora – para o estado. Cabem aos parlamentares que buscam essa aproximação, colocar as demandas do Estado visível aos olhos do novo governo. Na última semana os sinais foram positivos. A bancada goiana se reuniu com o ministro da Educação, Camilo Santana e recebera mo compromisso de que as obras de creches e de escolas de educação infantil serão retomadas. Além disso, na reunião, foi prometido o envio de mais verbas para as universidades e institutos federais. 

Essa é uma das demonstrações que o governo Lula articula para ter uma base ampla, enquanto os deputados goianos conseguem estreitar as relações com sinais de que terão atendidas as demandas do estado. Aos olhos do eleitor, esse é um bom começo – ao menos na relação de governo federal e parlamentares goianos.