Perfis que compõem a tropa de choque do bolsonarismo nas redes sociais ficam do lado do agora ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública

A repercussão no Twitter de bolsonaristas convictos dá uma noção do movimento arriscado do presidente Jair Bolsonaro ao fritar o agora ex-ministro Sergio Moro, a ponto de ele pedir demissão. Perfis que têm apoiado integralmente o governo postaram textos que vão das críticas diretas ao presidente a elogios ao homem que comandou o Ministério da Justiça e Segurança Pública e que encarnava, para os apoiadores, a luta contra a corrupção.

Ana Paula Henkel, conhecida como Ana Paula do vôlei, foi uma das personalidades bolsonaristas que expressaram lamentação. Dos Estados Unidos, onde mora, ela escreveu que esta sexta-feira, 24, é um dia de muita tristeza. Ana Paula tem 617 mil seguidores na rede social.

Pastor que partiu para a defesa veemente do presidente nos episódios que culminaram com a demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde, Silas Malafaia mudou o tom para seu 1,4 milhão de seguidores. Malafaia classificou a demissão de Moro como absurda e demonstração de falta de habilidade política.

O canto Roger Rocha, da banda Ultraje a Rigor, tem 1 milhão de seguidores no Twitter. Mesmo um pouco mais cauteloso, escreveu que a demissão abala a confiança do governo. “Moro era o fiel da balança”, escreveu.

Metido em polêmicas constantes por causa de posições políticas, o empresário Luciano Hang, dono da loja de departamentos Havan, postou um banner em que chama Moro de herói. O “Véio da Havan”, como ficou pejorativamente conhecido, encerrou a postagem com a frase “Estamos juntos”, direcionada ao ex-ministro.

Um dos jornalistas mais alinhados com o governo, Alexandre Garcia engrossou o coro dos descontentes. “Sergio Moro foi um ícone”, escreveu. Mesmo sem criticar diretamente Bolsonaro, Garcia disse que é uma grande perda para o governo.

Outro defensor ferrenho do governo nas redes que condenou a demissão de Moro foi o economista Rodrigo Constantino, que tem 345 mil seguidores no Twitter. Em uma série de postagens, ele disse, entre outras coisas, que Bolsonaro representou uma causa nobre (“Tirar o governo das mãos do PT/MDB, combater a corrupção), mas que a saída de Moro é o maior erro político do presidente até agora.