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Sempre quando vou dar aula sobre a eleição de Tancredo Neves, em 1985, eu gosto de dizer que, do Tancredo para frente eu me lembro de tudo. E se eu lembro desse período é porque eu assistia muita televisão. Além dos programas infantis, eu gostava de assistir o Jornal Nacional com meus pais. Lembro da minha mãe chorando quando o Tancredo m0rreu. Lembro do meu pai atento às notícias lidas por Cid Moreira e Sérgio Chapelin. Lembro de ver as filas de carros nos postos de gasolina quando o dragão da inflação lançava suas chamas em nossa economia.

O brasileiro tem um caso de amor com a televisão. Tanto é que reservou um cômodo da casa para aquele aparelho tão fascinante. Tudo começou no dia 18 de setembro de 1950, quando Assis Chateaubriand inaugurava a TV Tupi, a primeira emissora de televisão do Brasil. O começo foi precário, eram poucos aparelhos e o pessoal que trabalhava com a televisão estava aprendendo como se fazia. Mas, não demorou para acertarmos a mão e nos tornarmos grandes exportadores de programas e novelas. O rádio começava a perder espaço para a televisão. A partir dos anos 1970, quando a Embratel conectou o país com os satélites, as imagens e os sons da tevê conquistaram o território nacional.

À medida que o acesso aos aparelhos de televisão crescia, a qualidade da programação das emissoras melhorava. A vida das pessoas girava em torno daquele aparelho. O horário dos programas virou referência para se marcar algum compromisso: “só posso ir depois do Jornal Nacional”. “Vamos embora porque já vai começar a novela”. Tudo mudou depois que a televisão se instalou no Brasil. A política, a economia, a sociedade, a cultura, tudo foi mudado pela força da televisão.

Hoje, 75 anos depois que Assis Chateaubriand inaugurou a TV Tupi, nós vemos que a Internet já ocupou boa parte da audiência da TV. Mas, marcar a memória como a televisão marcou isso a Internet não vai conseguir.