Ao evocar Perséfone e os Santos da Folia de Reis, o videoclipe vencedor regional do FICA 2021 retrata ato libertário que reporta indiretamente a Gilberto Freyre e Leonardo Boff

Hoje, no mesmo dia em que é publicado este ensaio, inicia-se no estado de Goiás o “Giro da Folia de Reis”, que acontece mais comumente entre 26 de dezembro e 6 de janeiro de cada ano, de acordo com a folclorista Izabel Signorelli, presidente da Comissão Goiana de Folclore. Seis dias antes, na pitoresca Cidade de Goiás, encerrava-se a 21ª edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA) – promovido pela Secretaria Estadual de Cultura – com a vitória de “Nós Fiéis” (de Joaquim Gustavo da Veiga Jardim e Carlos Brandão, direção de Ana Aquino e Meg Gaertner), na categoria “melhor videoclipe goiano”. 

O videoclipe foi produzido a partir da canção homônima – composta em 1979, mas inédita –, música de Joaquim Gustavo Veiga e letra de Carlos Brandão. A melodia, acompanhando outra letra, fizera parte da trilha sonora das tardes goianas de sábado, no início da década de 1980, como tema do programa cultural “Espaço Dois”, apresentado pelo publicitário Hamilton Carneiro, na TV Anhanguera: “Nesse espaço/ Cabe a arte de Criar/ E recriar”, anunciavam as chamadas do televisivo, que ficavam por dias seguidos em minha cabeça, então juvenil. 

Hamilton Carneiro esclarece que o programa “UBE Cultural”, de teor erudito, começou em 1971, produzido pela União Brasileira de Escritores – secção de Goiás (UBE-Goiás), ficando no ar até 1979. “Nesse mesmo ano lançamos o ‘Espaço Dois – música e jornalismo’ programa mais aberto, visando um público maior. A partir daí começamos a preparar o ‘Frutos da Terra’ que foi ao ar no dia 7 de julho de 1983”, completa o apresentador.

A canção

Na letra original, escrita há 42 anos e ainda inédita – agora debutando no vídeo “Nós fiéis” – Carlos Brandão descreve a dualidade entre fé e razão, jugo e libertação, empirismo e racionalismo, obscurantismo e iluminismo. Nas três estrofes de seu texto, o letrista das também icônicas “De Dois” (música de Joaquim Gustavo Veiga Jardim) e “Pé de Flor” (música de Flávio Dell’Ízola) retrata um povo crédulo e devoto, que deixa anualmente os seus afazeres por até duas semanas para pagar promessas, cumprir os votos aos Santos e rogar aos Céus o perdão e a proteção: “Pelos campos, pés no chão lá vamos nós/ louvamos nós/ Tanta fé e tanta coisa pra fazer/ Prá refazer/ Sobre os cavalos/ sobre as selas vão os reis/ Dessa folia…”. Também no mundo onírico do folclore e das criações artísticas, os reis vão a cavalo. O séquito e o povo, a pé! 

Na última oração da primeira estrofe, cantada e repetida pela marcante voz – um diamante sem imperfeições – de Joaquim Gustavo da Veiga Jardim, o primeiro lampejo de que haveria luz para irromper o ciclo muitas vezes opressor de promessas feitas sob o efeito do desespero – ou pelos pais ou avós: “Até quando vamos ser nós os fiéis?”, arremata inquiritivo o eu-lírico do profícuo gestor cultural nascido (1950) na pequenina Mossâmedes, neste estado. 

Carlos Brandão fora superintendente de Ação Cultural por quatro anos durante o Governo Henrique Santillo (1987-1990) e viria a ser diretor de eventos da Prefeitura de Goiânia na gestão de Darci Accorsi (1993-1996); Diretor do Centro Cultural Martim Cererê por sete anos, nos dois primeiros governos de Marconi Perillo (1999-2006); e diretor do Cine Goiânia Ouro por cinco anos, nas gestões municipais de Iris Rezende (2006-2010) e Paulo Garcia (2010).

Hoje, o letrista enxerga contornos de cunho político, ante o peso da ditadura militar (1964-1985) em vigor no país, à época. Para ele, “’até quando vamos ser nós, os fiéis?’ é uma pergunta que remete a até quando a ditadura militar iria nos oprimir”, racionaliza. O Coautor de “Festa Comum” (com Ricardo Leão) diz que “a última estrofe mistura frases de folia com sonhos de um país melhor: ‘abra sua porta e receba essa bandeira, de quem perdeu a briga e entrou na brincadeira de seguir folia, de pedir ajuda a santo…. Quando teremos nós, a voz de comando?’”, seria um arroubo libertador, de acordo com o compositor.

De origem libanesa, com raízes familiares nos Saad da Cidade de Goiás, Carlos Brandão faz parte da constelação de bons letristas da Música Popular Brasileira (MPB) feita em Goiás, ao lado do historiador Nasr Chaul (“Saudade Brejeira”); Otávio Daher (“Roda Gigante”); Rinaldo Barra (“Araguaia”); Juraildes da Cruz (“Dodói”); Pádua (“Louca Magia”); Renato Castelo (“Vila Operária”); Valter Mustafé (“Pantanalto”); Hamilton Carneiro (“Frutos da Terra”); Joaquim Santana (“Noites Goianas”); Manoel Amorim Félix de Sousa (“Rio Vermelho”) e, mais recentemente, as surpreendentes Tainá Pompêo (“Vermelho de Giz”, “Borracha de Papel” e “Eletrola Amarela”) e Débora Di Sá (“Batalhão de Carlos Magno”), dentre outros. 

A melodia de “Nós Fiéis” é autoria de Joaquim Gustavo Veiga – nascido Joaquim Gustavo Veiga Jardim (1956) na Rua 20, em Goiânia, com linhagens familiares nas antigas Meia-Ponte e Vila Boa –, um artista com estilo próprio e multidiverso, que alia os recursos da excelente voz, violão inconfundível e composições próprias, na maioria das vezes com Carlos Brandão, o parceiro mais recorrente. 

Em meados da década de 1980, com os sucessos “Outro Final” e “Sério Mistério”, veio a consagração. Joaquim Gustavo Veiga passaria a se apresentar com artistas de renome nacional, como Almir Satter, Tetê Espíndola e Elizeth Cardoso. Foi atração no Projeto Pixinguinha, onde dividiu palco com Emílio Santiago, fazendo uma turnê em vários Estados brasileiros. Com vários CDs e dois DVDs gravados, Joaquim Gustavo Veiga se desponta no cenário goiano e regional como um dos mais conceituados artistas da MPB feita em Goiás. 

As folias

Ao contrário do videoclipe, em que a bandeira com os Santos Reis Magos e a Sagrada Família prenunciam tratar-se da “Folia de Reis” e não da “Folia do Divino Espírito Santo” – esta sempre com a bandeira vermelha e comemorada cinquenta dias depois do domingo de páscoa, no Pentecostes – a letra da canção “Nós fiéis” não deixa claro a qual das principais folias que ocorrem em Goiás, se refere. Segundo o “Dicionário do Brasil Central” (2009, 805 páginas) de Bariani Ortencio há “folias do Divino e dos Santos Reis, com seus alferes, seus foliões, seus bagageiros, seus cantos e suas rodas juntamente com as catiras e batucadas tradicionais…” (página 336).

A letra de “Nós fiéis” é de amplo espectro, retratando o que ocorre em qualquer das duas folias tradicionalmente ocorridas nesse estado: “Abra sua porta/ deixe que nosso recado/ Descanse um pouco/ na sombra do seu telhado/ Sei que desse bordão/ feito fiel de folia/ Tem o meu povo todo, me dou/ Tem uma vida toda metida nisso”.

À parte do viés político sugerido por Brandão, a conotação religiosa é predominante e mais facilmente percebida pelo público: “Abra sua casa/ e receba essa bandeira/ De quem perdeu a briga/ E entrou na brincadeira/ De seguir folia/ de pedir ajuda a Santo/ De se deixar levar/ Até quando?/ Quando teremos nós a voz de comando?”.

A folia de Reis, também chamada Reisado é uma festa popular brasileira de caráter religioso e profano. José Aparecido Teixeira, em seu livro “Folclore Goiano” (1941) explica o ritual das folias, mais propriamente a folia de Reis: “Quinze dias cheios, em que o caboclo não faz outra coisa que dançar, comer, beber e correr os pousos, onde se acham armados os presépios. Tem o nome de folia esse agrupamento que anda de fazenda em fazenda, a pé ou a cavalo” (página 62). Na parte religiosa os foliões e a bandeira são acolhidos em cada residência, com rezas e cânticos. A parte profana consiste em queima de fogos, ingestão de muita cachaça e – às vezes, costume em extinção –, até tiros de garrucha.

Uma das figuras mais emblemáticas das folias é o palhaço. Muitos lhes atribuem a personificação do mal. No livro “Varal do Retiro”, o folclorista Jadir de Morais Pessoa e colaboradores imputam essa crendice ao episódio bíblico relatado no Livro de Mateus, em que os Reis Magos receberam orientação de um anjo para “voltarem por outro caminho”, a fim de não alertar o Rei Herodes sobre o paradeiro do Menino Jesus, conforme combinado com o soberano. Furioso, Herodes enviou soldados para assassinar todas as crianças com menos de dois anos. Daí os palhaços sempre carregarem um facão ou espada, símbolo do infanticídio. 

Há, contudo, uma versão “do bem”, segundo Pessoa e colaboradores. Por ela, um dos soldados, ao chegar próximo ao Jesus menino, se converteu, passando a avisar a todos os pais para que escondessem os infantes. Considerado um traidor do rei, passou a usar uma máscara no rosto, para não ser reconhecido. O palhaço tornou-se, assim, “o protetor, o guardião do Menino Jesus” e, por extensão, durante o giro, “protetor da Bandeira, pois no centro dela está o Menino Jesus”, completam Jadir Pessoa e colaboradores.

O videoclipe

“Nós Fiéis” foi concebido e dirigido pela cineasta Ana Aquino, nome artístico da empresária Ana Cláudia Alves de Aquino Garcia, domiciliada em Morrinhos, sul de Goiás. Formada em Psicologia e em História, com grau de Mestre – título obtido com o estudo do “Movimento das Tropas em Goiás” –, Ana Aquino começou doutorado na USP, pesquisando “Roteiros”.

O videoclipe “Nós Fiéis” é o segundo trabalho, de uma trilogia com viés romântico da obra de Joaquim Gustavo Veiga e Carlos Brandão, em que o primeiro, “Rio”, trata dos “amores líquidos”, e o terceiro – que a cineasta mantém em suspense – expõe os “amores de superação”. 

“Nós Fiéis”, que tem duração de 5 minutos e 14 segundos, contrasta o sagrado e o profano, através da folia de Reis, e teve codireção de Meg Gaertner. A direção musical foi do maestro Jaime Alem, a assistência de direção de José Cardeal e a direção executiva de Tania Veiga Jardim. O elenco é formado pela atriz e bailarina Lilly Angel (a protagonista Alice), pelo também ator e bailarino Felipe Silva (Palhaço), Rui Bordalo (Pai), Ericka Palani (Mãe do bebê), a bebê Antonelli Moreira Brito, Tania Veiga Jardim (Mãe que recebe a folia) e José Eduardo de Souza (Padre), além de vários figurantes, além dos autores da canção, coadjuvantes. 

A trama começa tal qual termina, com o personagem de Joaquim Gustavo Veiga no lajedo de um rio, no município de Goiás, onde ocorreram todas as filmagens externas (as filmagens internas se deram em uma residência na zona rural de Aparecida de Goiânia), sendo chamado pelo folião vivido por Carlos Brandão para dar início a mais uma folia. Um ciclo que se renova a cada ano, muitas vezes por gerações. 

A folia de Reis do videoclipe se inicia sob o ponteio do violão vigoroso de Joaquim Gustavo Veiga, substituindo os tambores do maracatu na canção, interpretada pelo próprio autor da música. A jovem e bela poetisa Alice apresenta-se desconfortável com o compromisso que sua mãe fizera quando ela ainda era um bebê, colocando-lhe no braço pueril uma pulseira de compromisso, em um momento de enfermidade da infante. A protagonista, com vestes diáfanas em azul claro, aparenta desconforto e angústia, talvez incomodada por assumir os votos herdados de sua mãe. 

Enquanto se desenvolve a folia, ao ritmo da canção “Nós Fiéis”, o Palhaço (Felipe Silva) dança pelas ruas da cidade, desenvolvendo uma coreografia preparada por Rossana Tavares Cardoso. Em dado momento, fazendo duo dançante com Alice (Lilly Angel) a coreografia reporta à “Criação de Adão”, do pintor renascentista Michelângelo (1475-1564), quando o dedo indicador da mulher ruiva e de olhos verdes, tocam os mesmos dedos do Palhaço negro que, após tirar a máscara, despe-se da santidade própria da folia e assume o lado profano do mesmo folguedo, fazendo amor, nus, numa coreografia que remonta à escultura “O rapto de Prosérpina”, do escultor, arquiteto e pintor italiano Gian Lorenzo Bernini (1598-1680), um dos pioneiros da arte barroca. 

Perséfone

A prosérpina esculpida por Bernini é, na mitologia romana, a mesma Perséfone, deusa do submundo na mitologia grega, também considerada a deusa das estações, das flores, dos frutos, das ervas e da fertilidade. Perséfone seria uma bela mulher, que atraiu diversos deuses. Sua representação mais recorrente é de uma mulher jovem, usando um vestido e, muitas vezes, segurando uma romã, o fruto proibido que ela comera no submundo. Não por acaso, Alice, na criação de Ana Aquino apresenta-se com vestidos esvoaçantes e diáfanos. 

Nascida no Monte Olimpo, Perséfone era filha de Zeus (senhor dos deuses e dos homens) e de Deméter, deusa da colheita e da fertilidade. Muito bela, virgem e protegida por sua mãe, ela foi raptada – enquanto colhia narcisos com duas ninfas –, por Hades, seu tio, e deus do submundo. Em consequência, os alimentos e os campos foram atingidos pela tristeza de Deméter, deusa responsável pela agricultura. 

Deméter pediu a ajuda de Zeus para resgatar sua filha. Contudo, Hades não permitiu o retorno de Perséfone, enganando a deusa e fazendo-a comer uma romã, o fruto que selaria o enlace matrimonial dos dois deuses. Como consequência, Perséfone teria que permanecer ao seu lado um terço do ano, retornando à Terra durante o outono, primavera e verão. Nos meses do inverno, a deusa ficaria no submundo, ao lado de Hades. Nas estações em que Perséfone estava ao lado de sua mãe, os campos verdejavam e floresciam, mas no inverno, quando a deusa voltava para o submundo, o solo ficava infértil e havia falta de alimentos, devido à tristeza de sua genitora, deusa da agricultura.

A cena Berniniana em que Alice e o Palhaço fazem amor, nus e entregues, tipifica a decisão, o racionalismo, a perda da pureza, a desmitificação, o abandono dos votos feitos por sua mãe e que a obrigava ao cumprimento indefinidamente. Tal qual Hades, o jovem bonito, oculto pela máscara de palhaço raptara Alice, sua Perséfone/Prosérpina, liberando-a dos dogmas e das amarras existenciais que a prendiam ao passado. “Até quando?/ Quando teremos nós a voz de comando?”, continua cantando o personagem de Joaquim Gustavo Veiga no videoclipe.

Ao evocar Perséfone e os Santos das folias de Reis, o videoclipe vencedor regional do FICA 2021 retrata ato libertário que reporta, indiretamente, a Gilberto Freyre e Leonardo Boff (83 anos). A “voz de comando” cantada na música – tipificada pelo mergulho e emersão de Alice nas águas do rio, símbolo de renascimento em muitas religiões, inclusive as cristãs – leva ao rompimento com a religião dogmática tradicional, a das folias “De Reis” e “Do Divino”, e à aproximação com a teologia libertária de Leonardo Boff, calcada na leitura dialética da realidade social, da mediação hermenêutica e da mediação prática. Se há que ter religião, que ela seja sem culpa e sem dogmas. Uma religião de libertação. Alice solta sua pulseira de bentinho e, com seu arrastar pelas águas, vão-se os dogmas e as obrigações expiatórias. Doravante, Alice tomará em suas mãos o próprio destino, sem a intermediação do sacerdote, das penitências e dos votos.

Gilberto Freyre

No roteiro idealizado por Ana Aquino, não passa despercebido o fato de que o “Hades” em questão é um homem negro, “raptando” o olhar (e que olhar!), o corpo e a alma da “deusa” Alice. Ao decidir por isso, a diretora de “Nós Fiéis” reafirma Gilberto Freyre (1900-1987), que em seu clássico “Casa Grande e Senzala” (1933), o mais instigante livro já escrito sobre a miscigenação racial no Brasil, deixa patente que “Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo – há muita gente de jenipapo e mancha mongólica pelo Brasil – a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena e do negro. No litoral, do Maranhão ao Rio Grande do Sul, e em Minas Gerais, principalmente do Negro. A influência direta, ou vaga e remota, do africano”. 

Freyre defendia a miscigenação, para ele essencial à afirmação da identidade nacional. Algo que existiu desde os primórdios da nação, embora a “democracia racial” defendida pelo antropológo pernambucano seja uma mistificação ideológica errônea, conforme preceituam diversos estudiosos. O amor arrebatador de Alice com o Palhaço, contudo, reafirma Gilberto Freyre, para quem a influência do negro nas gentes da casa grande – consumado às vezes por tórridos romances – manifesta-se “na ternura, na mímica excessiva, no catolicismo em que se deliciam nossos sentidos, na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra. Da escrava ou sinhana que nos embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria amolengando na mão o bolão de comida. Da negra velha que nos contou as primeiras histórias de bicho e de mal-assombrado. Da mulata que nos tirou o primeiro bicho-de-pé de uma coceira tão boa. Da que nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama de vento, a primeira sensação completa de homem. Do moleque que foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo”.

Na ambiguidade dos relatos de Casa Grande e Senzala, de religiosidade e profanação, de fé e racionalidade e de fervor e lascívia, um amor arrebatador há que ter acometido Alice e o Palhaço, pois se entregam ao final a uma paixão berniniana e libertadora, que mudaria a história deles e de todos os que experimentam tal transição. 

“Nós fiéis” retrata a luta entre a fé e sua antípoda, a racionalidade; entre a apostasia e a perseverança. Ao traduzir isso em música e, depois em videoclipe, Joaquim Gustavo Veiga, Carlos Brandão, Ana Aquino e Meg Gaertner desnudam uma realidade que contrasta as tradições e a modernidade, sem tomar partido. Há vários dias a canção não me sai da cabeça, como ocorrera com o jovem estudante de agronomia em 1979. Seja com a letra de “Espaço Dois” ou de “Nós Fiéis”, as canções expressam a força da música que, no meu conhecimento leigo trata-se de maracatu. Não importa! O videoclipe premiado no FICA 2021 traz luz e reflexão. Como Goethe, clamo: “mais luz!”

Assista ao videoclipe: