Lucio Costa adaptou ideia de Montesquieu ao criar a Praça dos Três Poderes em Brasília
24 janeiro 2023 às 12h58

COMPARTILHAR
“Veja-se agora como nesse arcabouço de circulação ordenada se integram e articulam os vários setores. Destacam-se no conjunto os edifícios destinados aos poderes fundamentais”
Na época em que o Rio de Janeiro era a capital federal, as sedes dos poderes republicanos estavam espalhadas pela cidade. O Palácio do Catete, sede do Executivo, fica no bairro do Catete. No Centro funcionava a Câmara dos Deputados, no Palácio Tiradentes, e o Senado estava instalado no Palácio Monroe. A sede do Supremo Tribunal Federal ficava na Avenida Rio Branco. Com a construção de Brasília, Lucio Costa, responsável pelo plano urbanístico da nova capital federal, pensou em construir as sedes dos poderes republicanos em uma única praça. A partir de 21 de abril de 1960, com a inauguração de Brasília, a Praça dos Três Poderes se tornou o centro político e decisório do Brasil. Os palácios onde abrigam esses poderes foi projetado por Oscar Niemeyer. Os três poderes estão dispostos num triângulo equilátero, cada sede em uma ponta, representando o equilíbrio e a independência entre eles.

Essa ideia de equilíbrio e independência dos poderes foi criada por Charles-Louis de Secondat, mais conhecido como Barão de Montesquieu. Suas ideias influenciaram o pensamento moderno. Montesquieu tinha um vasto conhecimento jurídico e escreveu o livro “O Espírito das Leis”. Vivendo o século XVIII, o apogeu do Iluminismo, ele também se opôs ao absolutismo e desenvolveu a teoria dos três poderes. Para se evitar os desmandos de monarcas autoritários, era preciso dividir o poder em três: Executivo, executa as leis, Legislativo, elabora as leis, e Judiciário, julga as leis. Essa teoria pauta as Constituições de vários países, inclusive a nossa.
Lucio Costa destacou em seu relatório sobre o Plano Piloto, de 1957, que a Praça dos Três Poderes foi desenhada para enfatizar aquilo que Montesquieu elaborou no século XVIII: “Veja-se agora como nesse arcabouço de circulação ordenada se integram e articulam os vários setores. Destacam-se no conjunto os edifícios destinados aos poderes fundamentais que, sendo em número de três e autônomos, encontraram no triângulo equilátero, vinculado à arquitetura da mais remota antiguidade, forma elementar apropriada para contá-los”
