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A primeira decepção de uma criança acontece no futebol. O time da quadra perdeu ou o time do coração foi eliminado antes da hora.

Eu comecei a torcer para o São Paulo no começo da década de 1990, época em que Telê Santana montou o timaço que ganhou tudo contra todos. Nem o melhor time europeu conseguiu derrotar o time do Morumbi.

Ali eu comecei a torcer e sofrer pelo São Paulo. Lembro também dos meus primeiros jogos da seleção brasileira que vi pela televisão.

A Copa de 1990 foi a primeira que eu lembro e foi aquela que a nossa seleção perdeu para a Argentina nas oitavas de final. Eram as minhas primeiras lágrimas no futebol.

Choro pela Copa de Futebol de 1982

O “Jornal da Tarde” publicou em sua capa a foto de uma criança vestindo a camiseta da seleção brasileira chorando a eliminação do Brasil na Copa do Mundo disputada na Espanha. Era o dia 5 de julho de 1982 e a seleção perdeu para a Itália por 3 a 2. O sonho do tetra foi adiado.

O nosso time era comandado por Telê Santana, que convocou Zico, Sócrates, Junior, Falcão (que se tornou Rei de Roma) e companhia. Desde a Copa de 1970 que a seleção não encantava o mundo e não dava pinta de campeã. A torcida estava entusiasmada esperando para gritar “é campeão” depois de doze anos.

O jogo contra a Itália aconteceu no Estádio Sarriá, em Barcelona. O Brasil jogou bem, Sócrates marcou um golaço, mas Paolo Rossi estava no lugar certo e na hora certa para fazer os três gols italianos que nos tiraram da Copa.

As lágrimas do garoto José Carlos Vilella Rabello Júnior foram registradas pelo fotógrafo Reginaldo Manetti e publicadas na capa do “Jornal da Tarde” do dia seguinte àquilo que entrou para a história como a Tragédia de Sarriá. A foto trazia como legenda apenas o local e a data do jogo. Não precisava de mais nada, pois já se dizia tudo.

O menino José Rabello cresceu, viu o Brasil ser tetra e penta, mas as suas lágrimas de criança estão eternizadas. A primeira decepção de uma criança no futebol jamais é esquecida. Faz parte da vida.