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No dia 25 de agosto de 1961, começaria na cidade de Luziânia o Congresso Municipalista. O evento teria como presença principal o Presidente Jânio Quadros. Dias antes de começar o congresso, a notícia da visita presidencial se espalhou e a imprensa estampava em sua primeira página. Porém, um dia antes da abertura, outra notícia deixou os participantes do Congresso Municipalista de Luziânia com a pulga atrás da orelha. A Folha de Goiás trouxe na sua capa a seguinte nota: “JQ não confirmou presença, mas Congresso começa hoje”. JQ era a abreviatura para Jânio Quadros. Agora ficou a dúvida se teríamos ou não teríamos o Presidente da República na abertura do Congresso. Independentemente disso, o evento aconteceria.

Naquele agosto de 1961, Brasília já era a capital federal e próximo à Luziânia. Não custava nada Jânio Quadros se deslocar até lá e abrir o congresso. Mas, o dia 25 de agosto daquele ano entraria para a história por um outro motivo. O Presidente da República enviou ao Congresso Nacional um bilhete escrito à mão renunciando ao cargo do qual fora eleito pela maioria absoluta dos votos nas eleições do ano anterior. É claro que o gesto foi recebido com muita surpresa pelos parlamentares. Jânio justificou dizendo que “forças terríveis” tramavam contra seu governo. A nova capital federal começava a experienciar sua primeira crise.

Depois ficou clara a intenção do ex-presidente: ele queria renunciar para o povo sair às ruas exigindo sua permanência, o que pressionaria o Congresso a lhe dar amplos poderes para governar o país. Jânio enviou o bilhete com a renúncia, a notícia se espalhou, mas o povo não entendeu o plano janista e não foi ao seu encontro pedir para ficar. O Congresso acatou a renúncia. Engana-se quem pensa que as forças terríveis sossegaram. A saída de Jânio jogou o Brasil em uma crise político-militar. Alguns militares não queriam a posse do vice-presidente João Goulart, que estava em viagem diplomática na China. Foi preciso os governadores Mauro Borges, de Goiás, e Leonel Brizola, do Rio Grande do Sul organizar a Rede da Legalidade e exigir a imediata posse de Jango.

As forças terríveis impediram a visita presidencial de Jânio Quadros à Luziânia, o Congresso Municipalista aconteceu normalmente.

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