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Ao longo da conturbada República brasileira (que completa 134 anos em novembro deste ano), já vimos os mais variados tipos de militares na política: tenentista, golpista, democrata, “do povo”.

Em 1945, depois de quinze anos sem eleições presidenciais diretas, dois militares disputaram o voto dos eleitores: o marechal Eurico Gaspar Dutra e o brigadeiro Eduardo Gomes (“é bonito e é solteiro” dizia-se, à época).

O primeiro foi ministro da Guerra de Getúlio Vargas (consta que tinha simpatia pelas ideias autoritárias de Hitler, mas depois se tornou democrata, como o próprio Vargas) e o segundo saía das fileiras da recém-criada União Democrática Nacional (UDN), partido de oposição. Era o getulismo contra o antigetulismo.

Getúlio Vargas e Eurico Dutra: aliados políticos | Foto: Reprodução

Mesmo deposto e iniciando sua (breve) reclusão política, no Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas mostrou seu poder de influência e ajudou na eleição do seu antigo ministro.

Candidato pelo PSD, Dutra derrotou Gomes e se tornou o primeiro presidente eleito após o fim da ditadura do Estado Novo. A UDN amargava a primeira derrota em uma eleição presidencial.

Dutra governou o Brasil por cinco anos. Ele convocou a Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a nova Constituição brasileira, em 1946. Os novos tempos de democracia exigiam uma Carta a altura.

O presidente Dutra investiu no Plano Salte (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia) e na construção dos estádios para a Copa do Mundo de 1950.

Apesar dos tempos democráticos, Dutra fechou o Partido Comunista após optar pelo lado norte-americano durante a Guerra Fria. As relações com a União Soviética foram rompidas.

Dutra bem que tentou implantar medidas liberais, mas o Estado voltou a intervir na economia. Nas eleições de 1950, novamente os eleitores foram às urnas, novamente a UDN lançou o brigadeiro Eduardo Gomes como candidato, novamente ele perdeu e novamente Getúlio Vargas voltava à Presidência, desta vez “nos braços do povo”.

O marechal presidente nasceu em 18 de maio de 1883, em Cuiabá, Mato Grosso. Enquanto esteve no Catete, a data deve ter sido bem comemorada. Depois do Golpe de 1964, Dutra tentou voltar à Presidência, mas a candidatura do general Castello Branco era imbatível. Não foi possível comemorar seu aniversário no Planalto.

O militar e político morreu em 1974, aos 91 anos.