Conheça a história do senador (pai de Fernando Collor) que matou colega dentro do Senado

04 dezembro 2023 às 12h43

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Na tarde do dia 4 de dezembro de 1963, os senadores estavam de olho em dois colegas: Arnon de Mello e Silvestre Péricles de Góis Monteiro. Ambos eram de Alagoas e disputavam o poder naquele Estado. Desde o começo daquele ano que os dois senadores se estranhavam. Na sessão do dia 4, a Mesa do Senado solicitou que cada um ficasse distante do outro para evitar brigas. As pessoas que entraram no Senado foram revistadas. O presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, pediu que os senadores não fossem revistados. Ah, essa tal de imunidade parlamentar…
Naquele dia, Silvestre Péricles foi até a tribuna atacando sem dó nem piedade seu inimigo. De acordo com “O Jornal”, eram 15 horas quando chegou a vez de Arnon de Melo fazer o seu discurso. Silêncio geral no plenário. Ele pediu para falar de frente para o inimigo, já que fora acusado de “ladrão” e canalha”. Aron começou o discurso e Silvério se aproximou da tribuna, com dedo em riste, chamando-o de “canalha” e “crápula”. Foi nesse momento que Aron abriu o paletó, retirou uma arma e atirou contra Silvestre. Ele deveria estar cego de raiva porque não acertou nenhum tiro no seu inimigo. Mas um dos tiros acertou o senador João Kairala, suplente do senador José Guiomard, que se licenciara para tratamento de saúde. Silvério também estava armado e caiu no chão para se proteger tendo seu revólver em mãos. Ainda bem que o senador João Agripino retirou o revólver das mãos de Silvério. Enquanto isso, o senador suplente ferido, que não tinha nada a ver com a briga em Alagoas, foi para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Os dois senadores foram presos, mas, poucos meses depois, foram soltos pelo Tribunal do Juri. Arnon de Mello é pai do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Em 2009, Pedro Simon, na época senador, teve uma discussão ferrenha com Collor no plenário do Senado. Na hora, ele lembrou da briga do pai do ex-presidente.
Quando você pensar em deixar que os inimigos políticos briguem num ringue repleto de gel, verifique se os dois não estão armados. E o impedimento de não revistar senadores só é mais um argumento para que essa gente seja tratada como a gente. Sem privilégios.