Brizola foi um dos mais importantes líderes da história política do Brasil

22 janeiro 2024 às 23h51

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“Viveu 15 anos no estrangeiro e não aprendeu nada.” Esta foi a resposta de Paulo Maluf após um bate-boca com Leonel Brizola, em um debate eleitoral na TV Bandeirantes. O gaúcho não ficou atrás e chamou seu adversário de “filhote da ditadura!”. O vídeo está no YouTube para quem quiser assistir.
Brizola, nascido em 22 de janeiro de 1922, foi governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro. Foi também deputado. Quando estava no Palácio Piratini, sede do Poder Executivo gaúcho, em 1961, Brizola organizou com o governador goiano Mauro Borges a Rede da Legalidade para garantir a posse de João Goulart depois da renúncia de Jânio Quadros. Brizola contou com o apoio do III Exército e a tentativa de golpe foi adiada para 1964.
Quando os militares derrubaram Jango, Brizola quis repetir a resistência de 1961, mas o ex-presidente não concordou. Brizola teve os direitos políticos cassados e foi exilado. Por isso, Maluf falou dos “15 anos no estrangeiro”. Brizola só voltou ao Brasil em 1979, com a Anistia. Aliás, nos vídeos que mostram os anistiados desembarcando no Aeroporto do Galeão, Brizola era o mais festejado pelos populares que aguardava o retorno dos exilados.
Com o fim do bipartidarismo, Brizola tentou tomar o comando do PTB do seu pai político Getúlio Vargas, mas o partido ficou com Ivete Vargas. Ele fundou o PDT e, em 1982, foi eleito governador do Rio de Janeiro. Ao lado de Darcy Ribeiro, Brizola construiu os CIEPS e o Sambódromo. Além disso, ele brigou com a Rede Globo favorecendo a Manchete na transmissão dos desfiles.
O que eu lembro do Brizola é a sua participação nos programas eleitorais do PDT. Só ele aparecia, só ele falava. Também lembro das brigas dele com a Globo. Em 1994, a Justiça do Rio de Janeiro lhe deu direito de resposta a um editorial do jornal “O Globo”, do Roberto Marinho. Cid Moreira, que apresentava o “Jornal Nacional”, teve que ler a resposta de Brizola. Essa vitória contra o seu rival teve gosto de vitória eleitoral.
Leonel Brizola concorreu ao Senado em 2002, mas perdeu a eleição. A revista “Veja fez uma capa colocando-o como um dos dinossauros derrotados naquela eleição. Até o fim ele foi fiel ao que acreditava não importando o prazo de validade das suas ideias. Brizola morreu em 2004, no Rio de Janeiro, aos 82 anos.