“Tenha calma, meu amor
Não desespere, meu bem
Jânio Quadros vem aí
Carlos Lacerda vem também”

*Carlos César Higa

Luiz Gonzaga, o rei do baião, fez o jingle da UDN para as eleições de 1960. Carlos Lacerda se candidatava ao Governo da Guanabara, o Rio de Janeiro sem o Distrito Federal. Não era a primeira eleição que ele disputava, pois já havia sido vereador e deputado federal. Mas era a sua primeira disputa para um cargo no Executivo. Lacerda foi eleito e sua missão não seria fácil: construir o Rio de Janeiro como capital da Guanabara e às vésperas do seu quarto centenário de fundação. Imagine os adversários políticos dele tendo a oportunidade de atacar o seu governo tal qual ele fazia quando era oposição.

O opositor virou governador. A pedra virou vidraça. Carlos Lacerda começou seu governo e mostrou uma outra faceta desconhecida: a do construtor. Ele descentralizou a administração, concluiu o Aterro do Flamengo, abriu escolas, construiu a Autora do Guandu, construiu casas populares. Porém, o Última Hora de Samuel Wainer não teve dó e criticou o novo governo igual o Tribuna da Imprensa criticava o Última Hora de Samuel Wainer.

O sucesso de Lacerda na Guanabara o fez candidato presidencial para as eleições de 1965. Ele apoiou o golpe que tirou João Goulart do poder e acreditava ser o próximo Presidente da República, mas os militares não sairiam tão cedo do Palácio do Planalto e o sonho presidencial de Lacerda foi para o espaço. Ele saiu do Governo da Guanabara “vomitando” o Marechal Castelo Branco e brigado com os antigos amigos da UDN que migraram para a ARENA.

Ao longo da vida, ele foi comunista e anticomunista, golpista e golpeado, oposição e governo. Um dos grandes oradores da nossa História nasceu em 30 de abril de 1914. Tal qual a música de Gonzagão, Jânio Quadros e Carlos Lacerda viriam aí. Jânio foi presidente por 7 meses e Lacerda bem que queria ser presidente por mais tempo.