Adoniran Barbosa, o homem que cantou as mudanças de São Paulo

23 novembro 2023 às 08h54

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Adoniran Barbosa queria ser ator, mas as portas dos teatros estavam sempre fechadas para ele. Seu sonho de adolescente era ser famoso. Se a popularidade não veio no teatro, a música lhe sorriu e abriu portas tornando-o conhecido em todo o Brasil.
Ele foi um dos que popularizou a fala paulistana em suas músicas. Além do sotaque, Adoniran levou os lugares de São Paulo para todo o país. Em “Trem das Onze”, Adoniran estava preocupado com a hora do trem. “Moro em Jaçanã, se eu perder esse trem que sai agora às onze da manhã, só amanhã de manhã.”
São Paulo mudou muito no século passado. A cidade com ar interiorano virou uma metrópole. Adoniran fez em verso a saudade do que se foi e não existe mais porque deu lugar para a chegada do progresso.
“Se o senhor não está lembrado
Da licença de contar
Que aqui onde agora está
Esse edifício alto
Era uma casa velha um palacete assobradado.”
A saudosa maloca virou um edifício alto tal qual em muitas cidades grandes do Brasil.
Adoniran soube usar a música para dar um puxão de orelha no amigo Arnesto que convidou a turma pro samba e desmarcou sem avisar. Todo mundo ficou “numa reiva”. Custava o Arnesto ter colocado um bilhete na porta?
O sambista amigo do Arnesto, morador do Jaçanã e com saudades da maloca morreu em 23 de novembro de 1982, na São Paulo que ficou famosa em suas letras e no seu jeito de cantar.
Confira uma música de Adoniran Barbosa