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O rádio já foi o principal meio de comunicação do Brasil. Por ele, os brasileiros sabiam a hora certa, se emocionavam com as radionovelas e se informavam com o Repórter Esso. E fazia artistas também. Pelo rádio, os ouvintes se deliciavam com as vozes de Francisco Alves, Carmen Miranda, Emilinha Borba, Marlene, Elizeth Cardoso, Cauby Peixoto, Carlos Galhardo. Por falar neste último, hoje seria seu aniversário e com certeza o Programa César de Alencar, o mais famoso do rádio naquela época, faria uma homenagem, teria festa nos estúdios da Rádio Nacional, na Praça Mauá, no Rio de Janeiro, os fãs lhe entregariam presentes. A data não passaria em branco.

Carlos Galhardo nasceu em 1913, em Buenos Aires, Argentina, mas veio para o Brasil com poucos meses de vida. Ele começou sua carreira musical na década de 1930, ao fazer parte do elenco da gravadora RCA Victor. Cantou no rádio e fez sucesso. Ao todo foram 303 discos lançados e 606 músicas gravadas. Além de cantor, Carlos Galhardo foi ator e participou de vários filmes. Sua música de maior sucesso foi “Fascinação”, tempos depois regravado maravilhosamente por Elis Regina.

O cantor lutou pelos direitos dos intérpretes

A foto que ilustra este texto é uma capa da Revista do Rádio. Galhardo aparece todo charmoso, um cachimbo na mão, o terno alinhado, o cabelo deitado e brilhante. “Um pão”, como se dizia na época. Não bastava ter boa voz, era preciso ter presença. Eram tempos em que a fumaça do cachimbo ou do cigarro não preocupava os cantores e suas cordas vocais. Era sinônimo de charme e elegância.

Galhardo também fez a transição do rádio para a televisão nos anos 1960. Mas a tela da tevê não era a mesma coisa do radinho de pilha. Ele lutou pelos direitos dos intérpretes sobre a venda dos discos. Carlos Galhardo morreu no Rio de Janeiro, em 25 de julho de 1985, quando o rádio já não era mais o principal meio de comunicação do Brasil.