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Teve uma época no Brasil que todo mundo esperava chegar o fim de semana para ler as novas edições das revistas semanais. Veja, Isto É, Época eram algumas publicações que, quando chegavam nas bancas ou nas casas dos assinantes, todo mundo queria ler. Denúncias contra políticos, a última novidade na tecnologia, o remédio milagroso que curaria rapidamente uma doença, as estreias dos filmes ou o último artigo do colunista preferido. Na época que a Veja chegava em casa, eu abria as últimas páginas para ler a nova coluna do Diogo Mainardi.

As novas gerações não saberão o que era essa espera. Primeiro, os novinhos não sabem esperar e, segundo, as revistas semanais ou acabaram, ou lutam pela sobrevivência na Internet. Lá em casa, faz tempo que deixamos de assinar a Veja. Eu, que tanto gostava de ler as revistas semanais, hoje nem ligo mais para elas. Mas, teve uma época que as revistas semanais faziam muito mais sucesso que a Veja. “O Cruzeiro” fez muito sucesso no século passado. Sua primeira edição foi publicada no dia 10 de novembro de 1928. A História do Brasil passa por aquelas páginas. Os comportamentos da sociedade brasileira, os padrões de beleza, os grandes autores da nossa literatura, tudo passava pela “Cruzeiro”, a revista dos Diários Associados.

A Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional publicou todas as edições da revista. Ali nós vemos não somente a história da publicação, mas do jornalismo brasileiro. Para nós, historiadores, essa digitalização é um tesouro. É muito bom vermos como a revista retratou os eventos históricos como a Revolução de 1930, o Brasil na guerra, a inauguração de Brasília, o golpe de 1964. Ver as páginas ganharem mais vida com o colorido. A “Cruzeiro” fez História e registrou a História.

A revista começou a entrar em crise nos anos 1970. Com a ascensão da Manchete e do surgimento de outras revistas, a “Cruzeiro” não conseguiu lidar com a concorrência e, em julho de 1975, publicava sua última edição. Era o encerramento de uma história, de uma revista que todo mundo esperava ansiosamente chegar em casa ou nas bancas.

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