Participando das eleições da OAB Goiás desde 1997, posso afirmar de forma categórica que o pleito de 2021 será definitivamente incomum, sui generis e desassemelhante de todos outros na história da ordem, seja pelo período repreensor que estamos vivendo por conta da pandemia causada pelo COVID-19, que limitará o comportamento dos candidatos e eleitores por questões sanitárias, seja pela possível desfragmentação da situação, seja pela força das redes sociais que terão influência ainda maior, seja pela possibilidade de termos uma eleição virtual, considerando que algumas Seccionais implantarão esse sistema de eleições, como por exemplo a OAB-DF.

Para escrever esse editorial procurei conversar com o maior número de lideranças da advocacia do Estado, como forma de pesquisa e uma maneira de tentar entender esse pleito eleitoral insólito que viveremos a partir de agora. A título de exemplo, além de dialogar com os principais candidatos a presidente da Ordem, tive a oportunidade de ouvir os ex-presidentes Felicíssimo Sena e Miguel Cançado, com o atual Vice-Presidente Tales Jayme e com o ex-candidato à presidência Leon Deniz.

Meu primeiro passo para tentar entender os movimentos políticos classistas da OAB de Goiás, foi rememorar como Felicíssimo Sena conseguiu manter a OAB Forte unida por várias eleições em um bloco unido até a saída de Henrique Tibúrcio para ser Secretário de Governo. E por que nesse momento crucial onde em tese o Presidente Lúcio Flávio passa o bastão para um sucessor surgiram excelentes opções dentro de seu grupo bastante fechado. A meu ver, imaginava que esse grupo se mantivesse marchando juntos por anos, como aconteceu no passado.

Hoje, sinceramente acredito ser possível termos cinco ou mais chapas disputando a direção da Ordem, como em 2009, contudo com uma diferença primordial, qual seja? Naquele ano, a secessão ocorreu nas candidaturas de oposições, contudo, esse ano podemos ter três candidatos a Presidente que fazem parte da atual gestão.

Reconhecendo os méritos políticos da atual gestão que ganharam as últimas eleições com uma certa facilidade, não podemos deixar de notar que o processo de sucessão deixou algumas lideranças internas frustradas, não sei se pela falta esclarecimento na forma de escolha, ou decorrente de um grupo aparentemente novo onde é normal o surgimento de novas lideranças.

Única candidata mulher entre os pré-candidatos, a Conselheira Federal e Ex-Vice Presidente da OAB, Valentina Jungmann tem um currículo invejável, tanto na academia como na política classista, sendo a precursora da paridade dos direitos de gênero e raça na composição da Ordem, e tem como um dos principais aliados o Conselheiro Federal Marisvaldo Cortez dentre tantos outros, possuindo condições reais de formar uma excelente opção aos advogados e advogadas de Goiás.

Após as eleições de 2018, Júlio Meirelles assumiu papel essencial para as oposições, sob a expectativa de representá-la em 2021, para isso iniciou uma verdadeira via sacra percorrendo o interior do Estado, reunindo e ouvindo advogados e advogadas insatisfeitos com a atual gestão, ao longo dessa jornada recebeu o sinal de que Pedro Paulo Medeiros não seria mais candidato, o que impulsionou seu sonho. Ao longo da jornada tem recebido importantes apoios de Advogados do interior tendo inclusive chapas para disputa, mas sendo dúvida seu principal apoiador é o ex-conselheiro federal Leon Deniz, que todos sabem, é um trator para trabalhar em campanhas da OAB, sem falar o fato de ser muito conhecido no interior e ter participado efetivamente de quase todas campanhas nos últimos anos, falando abertamente que sua bandeira é a mesma de Júlio Meirelles.

Conheço Felicíssimo Sena e Miguel Cançado desde meus primeiros passos na Advocacia, lá nos idos de 1995, quando a Ordem vivia uma verdadeira transformação, líderes que deixaram sua marca na OAB-GO e não podem ser menosprezar a força de ambos e principalmente a do Presidente da Credijur que é exemplo em todo país. Aparentemente Pedro Paulo de Medeiros não estava focado nas questões regionais por ser um Advogado de projeção nacional, colheia resultados de seu esforço pessoal, contudo, embora tenha tentado emplacar André Abrão jovem de destaque, viu o grupo OAB Forte reunir força para tentar dar novos ares à nossa entidade de classe.

Inegável a sabedoria e planejamento estratégico do Presidente Lúcio Flávio, que deu um novo olhar para forma de encarar nossa profissão, sob a base consistente de um dos maiores vencedores em eleições da Ordem em Goiás o Vice-Presidente Tales Jayme que o acompanhou nesse dois mandatos. Apesar de aparentemente esfacelado o grupo situacionista, é risível que a diretoria permanece unida com os apoios do Secretário Jacó Coelho e do Tesoureiro Roberto Serra, conquanto Rafael Lara com sua vasta experiência em eleições da OAB e como Conselheiro Seccional e Federal, não terá dificuldades para formar um grupo homogêneo capaz de suportar as críticas naturais de um processo sucessório classista.

Sem dúvida nenhuma Rodolfo Otávio é a maior surpresa do processo eleitoral desse ano. Com uma administração digna de louvor à frente da CASAG, ele foi capaz de dar identidade própria a Caixa de Assistência implantando regionais em todo Estado e reafirmando o papel assistencial aos Advogados, tendo modernizado a Caixa com uma sede admirável tem conseguido apoios importantes como dos Ex-Conselheiros Alan Rocha e Francisco Sena e segundo informações tem cooptado importantes bases do grupo OAB Forte.

Por certo teremos uma eleição atípica em 2021, com inúmeros cenários possíveis, entretanto, no momento não podemos afirmar de forma inapelável que exista um grupo com ampla maioria das intenções de voto no Estado, considerando as abundantes variantes possíveis, inclusive pela atipicidade do momento pandêmico que vivemos e como os profissionais lidarão com uma possível campanha pessoal em busca de votos. Entretanto, vislumbramos uma conjuntura sublime a chapa OAB Pra dos Candidatos Alexandre Caiado que é Presidente do Sindicato dos Advogado e Alexandre Pimentel, que no último pleito tiveram quase 1.500 votos que poderão ser decisivos no resultado final, bem como da Ex-Secretária Geral da OAB, Márcia Queiroz que hoje preside a OABPREV.

Não poderia encerar agradecendo a todos que puderam me atender, desejando votos de felicidade, saúde e paz a todos candidatos e principalmente proteção divina para que ninguém sofra com esse vírus, pedindo aos dirigentes da OAB-GO que reflitam seriamente na possibilidade de termos eleições virtuais o que daria maior segurança contra o COVID-19, aos Advogados e Advogadas de Goiás.