Recentemente veio à tona um programa de inteligência artificial chamado “deepfake” que consiste em espelhar o rosto e a voz de alguém, através de um programa de computador, a fim de se gerar uma “realidade” sobre a atitude ou fala de alguém.

O recurso, criado em meados de 2017, se tornou uma ferramenta bastante benéfica para a indústria do Cinema, que aperfeiçoou seus trabalhos em relação à cenas mais perigosas com atores e demais casos de efeitos especiais. Entretanto, o que antes era utilizado por uma pequena parcela da população por ser extremamente complexo, hoje, com a evolução da tecnologia, tornou-se bastante acessível.

Com isso, aumenta a possibilidade do uso maléfico da ferramenta por aqueles que usam a tecnologia para propósitos ilícitos. É possível que autores de deepfake  chantageiem presidentes das empresas, ameaçando publicar vídeos falsos prejudiciais, a menos que sejam pagos. Intrusos também podem invadir redes ao sintetizar uma chamada de vídeo do CIO, enganando os funcionários para que eles forneçam senhas e privilégios, permitindo assim que os hackers acessem todos os bancos de dados sigilosos.

Trazendo ainda para a realidade de um cenário político, a mesma tecnologia poderia ser usada para forjar provas, incluindo determinado candidato cometendo crimes ou comentando algo que mancharia a imagem perante opinião pública. Ainda, poderia ser usada para alavancar o encaminhamento de eventuais fake news, em grupos de mensagens, uma vez que grande parte da população não detém o conhecimento técnico para identificar se são ou não verdadeiras.

Por fim, as deepfakes ainda podem influenciar no processo penal, seja como prova em uma instrução, seja como marco inicial do inquérito policial. Os riscos em movimentar levianamente o judiciário seriam enormes, bem como os danos causados à imagem de quem sabidamente é inocente. 

Mesmo assim, há luz ao fim do túnel, já que alguns especialistas alertam para como conseguir identificar um vídeo pautado em deepfake, visto que ainda estão em uma fase em que você mesmo pode ser capaz de  detectar sinais. Ao suspeitar de um vídeo de deepfake, procure pelas seguintes características:

  1. movimento brusco
  2. iluminação instável, mudando de um quadro para o outro
  3. mudanças no tom da pele
  4. modo de piscar os olhos estranho ou nenhum piscar
  5. lábios mal sincronizados com a fala
  6. elementos digitais na imagem

À medida que os deepfakes são aprimorados, o olho humano será cada vez menos eficaz, precisando ser substituído por bons programas de segurança virtual. Mas, no momento, ainda é possível identificar, a olho nu, a maioria das deepfakes geradas, pelo fato da qualidade ainda ser abaixo do esperado tendo em vista os hadwares de alto custo sejam pouco acessíveis, os vídeos acabam sendo editados por hardwares comuns, o que diminui consideravelmente a qualidade da edição, possibilitando a identificação de um vídeo falso.