Schoenberg: “Scriabin é um dos mais originais e revolucionários compositores”

24 janeiro 2023 às 11h44

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Muito além dessa triste guerra entre Rússia e Ucrânia que já dura um ano (fala-se entre 200 mil a 240 mil mortos — 40 mil seriam civis), há uma relevante e incrível história de músicos e de obras oriundas da Rússia. (Briga-se até para saber se Nicolai Gógol é ucraniano ou russo. Escrevia em russo, mas é ucraniano.)
Quem são estes músicos? Como é a música na Rússia?
No que diz respeito à música folclórica há um som bem distinto de um instrumento de cordas com sonoridade bem peculiar, a Balalaica. Kalinka, Katiusha, Poliushka Poliê e Suliko são algumas das canções que compõem o repertório tradicional.

Já a música de concerto russa produziu obras e ícones da cultura universal nos últimos duzentos anos.
Os balés de Tchaikovsky, o afamado “grupo dos cinco” formado por Balakirey, Mussorgsky, César Cui, Kosakoy e Borodin, que influenciaram e formaram uma geração de sucessores representados pelos músicos: Stravinski, Prokofiev, Rachmaninov, Shostakovitch, Alyabyev, Glinka, Khachaturian, Scriabin e tantos outros.
Dentre os vários grandes ícones, escolhemos para a coluna dessa semana, Alexander Nikolayevich Scriabin (1872-1915).

O compositor e pianista russo iniciou com um estilo de composição tonal, inspirado na linguagem harmônica do afamado compositor polonês, da era romântica, Frédéric Chopin (1810-1849). O músico russo tinha apego ao passado e uma mente imaginativa que o transportava ao futuro.
Scriabin desenvolveu, no decorrer de sua carreira, como compositor, uma linguagem musical altamente atonal que pode, atualmente, ser comparada com composições dodecafônicas e serealistas. É considerada uma das figuras mais importantes da escola russa de composição do início do período moderno.

Para o compositor austríaco Arnold Schoenberg (1874-1951), criador do dodecafonismo: “Scriabin é um dos mais originais, fascinantes, enigmáticos, revolucionários […] compositores do século” (o 20).
O compositor russo buscava incansavelmente uma linguagem própria emoldurada pelo período romântico, que se caracteriza pela valorização da individualidade dos artistas. Seu catálogo de obras é prioritariamente composto por obras para piano solo, que inclui prelúdios, estudos, noturnos, valsas e mazurcas, entre outras formas musicais.
A Grande Enciclopédia Soviética revela: “Nenhum compositor foi mais desprezado e ao mesmo tempo mais agraciado por amor…”.
Ouviremos o Estudo n.5 opus 42 de Alexander Scriabin interpretado pelo pianista russo Evgeny Kissin (1971).

Observe a identidade musical de Scriabin nesse estudo. Contrapondo com o seu misticismo há um pensamento bastante racional no que se refere à construção musical —geométrica e harmoniosa como a matemática. Independentemente de ter sido considerado, patologicamente, “megalomaníaco”, Scriabin foi extraordinário.