Maestro: uma sinfonia da vida de Leonard Bernstein

09 janeiro 2024 às 17h53

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Diferenciando-se de outras cinebiografias, o filme “Maestro”, mergulha na intrincada teia da vida do renomado maestro e compositor Leonard Bernstein. Longe de se concentrar apenas nos marcos de sua carreira, o filme destaca a complexidade de sua personalidade, entrelaçando duas de suas paixões: a música e a atriz Felicia Montealegre Cohn.
Uma cena marcante do filme é o momento do encontro entre Felicia e Bernstein em uma festa do então professor de piano dela, o pianista chileno Claudio Arrau.

Embora outros eventos significativos, como a estreia de Bernstein na regência da Filarmônica de Nova York, estejam presentes na obra, são apenas detalhes na construção do panorama que revela a essência do homem por trás do maestro. Este enfoque proporciona uma experiência cinematográfica que transcende a mera cultuacão das conquistas profissionais.
Bernstein, uma figura ímpar na música americana, não é retratado aqui apenas como um compositor prolífico, mas como um homem complexo cujas paixões, dúvidas e conflitos pessoais desempenham papéis centrais na trama. Se você assistir o filme com a expectativa de uma exploração aprofundada do processo criativo de Bernstein, o filme pode desapontar nesse aspecto.
O enredo mergulha na vida íntima do maestro e sua sexualidade passando pelas tensões conjugais com Felicia, evidenciadas por cenas delicadas e românticas. O longa se desenvolve em torno da dolorosa separação do casal, destacando o desconforto crescente da esposa e o dilema do maestro em aceitar sua verdadeira identidade. O drama interpretado por Carey Mulligan e Bradley Cooper, aprofunda-se nas ambiguidades emocionais, privilegiando a exploração do âmago dos personagens sobre a mera narrativa bibliográfica.
Vale destacar a habilidade e o talento de Cooper, como diretor, em utilizar opções técnicas para evidenciar a passagem do tempo, como a sequência em preto e branco dos anos 40. Neste momento, a paixão do casal é retratada de forma delicada e romântica, absorvendo o espectador em um número musical, demonstrando o amadurecimento do cineasta no domínio da linguagem visual.
Ao abordar diferentes períodos entre 1943 e 1987, “Maestro”, não apenas destaca a atuação excepcional dos atores, mas também expõe a capacidade de Bradley Cooper como diretor. Este cuidado estendido à arte cinematográfica sugere que “Maestro” pode surgir como um candidato promissor nas premiações da Academia.

A equipe de produção de do filme, incluindo o diretor Bradley Cooper, buscou garantir a precisão histórica, contando com a colaboração dos filhos do casal Bernstein. A produtora Kristie Macosko Krieger enfatiza a importância do envolvimento dos filhos, Jamie, Alexander e Nina, na validação da autenticidade da história de amor.
Segundo Nina Bernstein Simmons:
“realmente o filme conseguiu capturar sua essência, seu eu mais íntimo”
Leonard Bernstein, uma figura multifacetada, deixou um legado duradouro na música mundial. Suas realizações artísticas, desde a composição de trilhas sonoras notáveis até sua atuação como regente da Filarmônica de Nova York, são imortalizadas no filme “Maestro”.
Ver esse filme possibilitará, ao expectador, refletir sobre até que ponto a tela reflete com fidelidade as complexidades e nuances de uma vida marcada por paixões, compromissos e contradições da sinfonia que foi a vida de Leonard Bernstein.
Para finalizar vamos ouvir Bernstein ao piano, regendo a Filarmônica de Nova York, interpretando a Rhapsody in Blue de George Gershwin no “Royal Albert Hal” em 1976.
Observe! Rhapsody in Blue, composta em 1924, combina elementos da música de concerto com o jazz. Essa obra, estabeleu a reputação de Gershwin e tornou-se uma das peças mais executadas pelas prestigiadas salas de concertos do planeta.