Um poema de Renata Normanha

31 maio 2020 às 00h01

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“Olhar profundo que a alma me devassa/ Reclina no meu pranto teus pudores/ Pois desfeita em segredos tem clamores”
Renata Normanha é uma poeta goiana de muitos méritos. Têm ritmo, senso de narrativa e manipula as palavras como os grandes bardos. Às vezes há tanta força nos versos que parece torná-los independentes do poema no conjunto. Estou falando de “Espelho”.

Espelho
Renata Normanha
Olhar profundo que a alma me devassa
Reclina no meu pranto teus pudores
Pois desfeita em segredos tem clamores
Na sombra intensa que tua essência grassa.
Volvendo amores livres e perdidos
Rondo o trilhar, soturna e misteriosa,
A te sondar, estranha e lamentosa:
Anseio infindo dos anos mal vividos.
Deixaste ao largo à infâmia dos delírios
E teu sonhar agrilhoaste em flama
Presa da dor de ocasos malferidos.
Foste, à nudez submissa dos martírios,
Silenciar teu brado em tênue chama
E sufocar anelos já partidos.