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“Olhar profundo que a alma me devassa/ Reclina no meu pranto teus pudores/ Pois desfeita em segredos tem clamores”

Renata Normanha é uma poeta goiana de muitos méritos. Têm ritmo, senso de narrativa e manipula as palavras como os grandes bardos. Às vezes há tanta força nos versos que parece torná-los independentes do poema no conjunto. Estou falando de “Espelho”.

Renata Normanha, poeta | Foto: Facebook

Espelho

Renata Normanha

Olhar profundo que a alma me devassa

Reclina no meu pranto teus pudores

Pois desfeita em segredos tem clamores

Na sombra intensa que tua essência grassa.

Volvendo amores livres e perdidos

Rondo o trilhar, soturna e misteriosa,

A te sondar, estranha e lamentosa:

Anseio infindo dos anos mal vividos.

 

Deixaste ao largo à infâmia dos delírios

E teu sonhar agrilhoaste em flama

Presa da dor de ocasos malferidos.

 

Foste, à nudez submissa dos martírios,

Silenciar teu brado em tênue chama

E sufocar anelos já partidos.