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A poetisa da Vila Boa cantou com ênfase a ligação entre a terra, a vida e o amor

Em Goiás era preciso que fizéssemos um pouco mais pela poeta Cora Coralina, principalmente no currículo escolar, com a inclusão da poesia dela, de modo a ser declamada nas salas de aula.

É uma poesia que constitui verdadeiro canto ambiental.

Existe um imortal vínculo entre a poesia e natureza, o qual passa por autores como Homero, Teócrito, Virgílio, poetas do Renascimento, do barroco e do romantismo, passagens recheadas de poesia da Bíblia, como a descrição do Éden e o Cântico dos Cânticos do rei Salomão.

Saudar Cora Coralina é como estar saudando todos estes poetas: Virgílio, o pai da literatura ocidental, que colocou nas suas Bucólicas o cheiro da terra; Giovanni Pascoli, aquele que escreveu este verso: “Há algo de novo sob o sol: nasceram as violetas.”

Pois Cora Coralina cantou com ênfase a ligação entre a terra, a vida e o amor:

“Eu sou a terra, eu sou a vida./ Do meu barro primeiro veio o homem./ De mim veio a mulher e veio o amor./ Veio a árvore, veio a fonte./ Vem o fruto e vem a flor./ Eu sou a fonte original de toda vida. Sou o chão que se prende à tua casa./ Sou a telha da coberta de teu lar./ A mina constante de teu poço./ Sou a espiga generosa de teu gado/ e certeza tranquila ao teu esforço./ Sou a razão de tua vida./ De mim vieste pela mão do Criador,/ e a mim tu voltarás no fim da lida./ Só em mim acharás descanso e paz”.