Chalaça dizia que o homem deve ser maleável como a água, prudente como as orquídeas e sábio como as hienas. E assim se dará bem na corte

O Chalaça e dom Pedro I | Foto: Reprodução
A telenovela “Novo Mundo”, em cartaz, mostra um personagem muito interessante. Sobreviver na Corte e, principalmente, tirar proveito de uma posição nela, eis um exercício que, no Brasil, teve como expoente o conselheiro Francisco Gomes da Silva, o Chalaça, como era chamado. Foi secretário de Dom Pedro I, de total confiança do imperador, versátil na prestação de seus serviços, os quais incluía até o papel de alcoviteiro.
O Chalaça gostava de dar conselhos e recorria muito a um escritor catalão, Calderon de Mejía, autor de “El Hombre Y Las Cosas Tríplices”. Diz o autor espanhol que o homem deve imitar, cada qual vindo dos reinos da natureza: dos minerais, deve aprender com a água, que obedece a forma do cálice que a contém; do reino vegetal, deve imitar a orquídea, que cresce à sombra das grandes árvores; e, do mundo animal, deve espelhar-se na hiena, que segue os leões e não conhece a fome. (Calderon e o livro, claro, eram invenções do Chalaça. Calderón era, por assim dizer, seu alter ego.)
E o Chalaça concluía, inspirado no “escritor”, que o homem deve ser maleável como a água, prudente como as orquídeas e sábio como as hienas. E assim se dará bem na corte.
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