Xico Vargas, que morreu na quarta, era repórter e editor rigoroso
26 dezembro 2015 às 18h39
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O jornalista foi editor da revista “Veja”, do “Jornal do Brasil”, de “O Dia” e do “Jornal Nacional”
O gaúcho Xico Vargas, um dos mais talentosos jornalistas brasileiros, morreu na quarta-feira, 23, no Rio de Janeiro, em consequência de um câncer no pulmão, aos 70 anos. Casado com a jornalista Carla Rodrigues, era colunista do jornal “Metro”, comentarista e âncora da BandNew Fluminense FM.
Ao criar o jornal “Última Hora”, na década de 1950, Samuel Wainer influenciou gerações de jornalistas. Porque se tratava de um projeto inovador, criativo e bonito — ao contrário de outros jornais brasileiros, que eram sisudos e mal diagramados. Ele contratava os melhores profissionais e cobrava um jornal de qualidade e moderno. Isto ocorria porque entendia de jornalismo de maneira ampla, ao contrário de seu arquirrival Carlos Lacerda, que era mais um articulista competente, dos mais ferozes, do que um grande fazedor de jornais. Xico Vargas, se se poder dizer assim, pertencia à escola de Samuel Wainer.
O jornalista Flávio Pinheiro, ex-editor da revista “Veja”, disse ao “Globo”: “Ele era extraordinário. Conhecia toda a fabricação de um jornal, desde os processos de edição e diagramação aos detalhes do funcionamento de um parque gráfico”. Samuel Wainer também era assim, com o adicional de ter espírito empresarial.
Zuenir Ventura, que trabalhou com Xico Vargas no “Jornal do Brasil”, afirma que se tratava de um jornalista rigoroso. “No ‘JB’, ele foi um grande editor. Xico se caracterizava por exigir que as reportagens tivessem apurações rigorosas, sempre em busca da perfeição profissional. O tom de voz às vezes assustava, mas no fundo era muito sentimental”, afirma o jornalista e escritor. Xico Vargas foi editor-chefe do “JB”, numa de suas fases áureas.
Em 1971, Xico Vargas trabalhou na revista “O Cruzeiro”. Em 1983, com a série de reportagens sobre o assassinato do jornalista e empresário Alexandre Baumgarten — escrita em parceria com outros repórteres da revista “Veja” —, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo. As matérias revelaram o envolvimento de chefes do Serviço Nacional de Informações (SNI) no assassinato de Baumgarten. Endividado, o jornalista estaria pressionando seus antigos financiadores.
Xico Vargas foi o responsável, na década de 1990, pela reforma editorial e gráfica do jornal “O Dia”, do Rio. Daí foi para a TV Globo, como editor-chefe do “Jornal Nacional”.
O projeto Viva Favela, da ONG Viva Rio, é uma das criações de Xico Vargas, assim como o site NO.