Ministro da Educação, Abraham Weintraub diz que sempre houve algum problema com o Exame Nacional do Ensino Médio ao usar a palavra em comissão do Senado

Ao falar na Comissão de Educação do Senado, ministro Abraham Weintraub diz que "sempre existiu algum problema em Enem passado"
Ao falar na Comissão de Educação do Senado, ministro Abraham Weintraub diz que “sempre existiu algum problema em Enem passado”  | Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi à Comissão de Educação do Senado das esclarecimentos sobre as falhas na correção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2019. Entre as declarações dadas por Weintraub na terça-feira, 11, estão informações falsas ou imprecisas dadas pelo titular do MEC.

“Sempre existiu algum problema em Enem passado” foi uma das declarações que não condizem com a realidade do histórico da prova. Só para citar os anos mais recentes, em 2015, 2017 e 2018 não foi registrado nenhum problema na realização ou correção do Exame Nacional do Ensino Médio.

Há dois anos não havia qualquer indício de problemas nem na correção das provas de mais de 5 mil estudantes, como foi o universo apontado como atingidos pela falha na última edição do Enem. A tentativa de comprovar o que dizia veio com dados apresentados por Weintraub que não confirmavam a afirmação dada pelo ministro.

Checagem

O trabalho de checagem da Agência Lupa verificou sete declarações do titular do MEC. Em quatro delas o ministro faz alegações falsas. Uma não se sustenta, outra é verdadeira e a última parte de uma verdade, mas cabe questionamento.

Entre as falsas afirmações de Weintraub estão a de que o governo Bolsonaro criou cinco novas universidades federais. As instituições são fruto de quatro projetos aprovados em 2018 pelo Congresso e sancionadas pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) em 2018. A proposta, inclusive, foi apresentada pela gestão da então presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016.

Pisa na bola

Ao falar sobre o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), o ministro parecia mais íntimo com vídeos e memes no WhatsApp do que com a área que comanda. “O Pisa mostrou que o Brasil está no último lugar da América do Sul”, declarou Weintraub na comissão.

Mesmo que a frase não seja inteiramente mentirosa, a informação foi avaliada como insustentável. O primeiro motivo é porque o Pisa não classifica ou ranqueia os países nos continentes. Outro ponto é que a avaliação não foi aplicada em 2018 em todos os países da América do Sul.

E em terceiro lugar, a nota do Brasil no Pisa em leitura fica acima da Colômbia, Argentina e Peru. Nas ciências, o País empata com Argentina e Peru. E a avaliação de matemática ficou à frente apenas da Argentina.