Vilmar da Silva Rocha nasceu em Niquelândia, há 72 anos. Formado em Direito, deu aulas na PUC e na Universidade Federal de Goiás (UFG).

Há quem fale que Vilmar é “professoral” e “eloquente”. A verdade é que não há mal algum em ser “professoral” e/ou “eloquente”, sobretudo quando a eloquência advém das ideias e não da pompa. O ex-deputado federal nada tem de pernóstico e aprecia conversar com quaisquer pessoas, de quaisquer classes sociais — o que lhe permite ter uma visão ampliada do que pensa a sociedade, e não apenas as elites.

Gilberto Kassab e Vilmar Rocha: interlocução nacional | Foto: Divulgação

Como político, Vilmar prima pela ética da convicção, pela ética da responsabilidade. O sociólogo alemão Max Weber o colocaria, num bom lugar — por exemplo, ao lado de Ronaldo Caiado, Iris Rezende, Mauro Borges, Marco Maciel, Jorge Bornhausen, Juscelino Kubitschek —, entre os políticos profissionais.

Na era dos preconceitos, da destruição pela destruição — do julgamento sem valor, talvez dissesse Hannah Arendt —, critica-se duramente os políticos profissionais. Mas todo país precisa de indivíduos que se dedicam em tempo integral à política, como se fosse um apostolado. Portanto, os políticos profissionais são bem-vindos. Muitas vezes, e não poucas vezes, sacrificam suas vidas — seu tempo — para atuar em defesa da coletividade. Já se observou que os cabelos dos indivíduos que se envolvem com política — sobretudo os gestores — ficam brancos mais cedo. Por que isto? Porque suas preocupações são multiplicadas, assim como as cobranças da sociedade.

Vilmar Rocha e Geraldo Alckmin | Foto: Divulgação

Já se notou, na sociedade, que quem mais “apanha” são os políticos. Porque são avaliados pelos extremos, e não pela média. Caetano Veloso, o gênio da música brasileira, acertou quando disse que, de perto, ninguém é normal. De fato, um defeitinho de um político — que, visto noutro cidadão, não seria nem defeitinho — o transforma, de um momento para o outro, num monstro. Veja-se o caso do presidente Juscelino Kubitschek. Investigado rigorosamente pelos militares, foi cassado e disseminaram a ideia de que era corrupto. Tempos depois, num livro-depoimento, o presidente Ernesto Geisel, o general que desconstruiu a ditadura, admitiu que o político mineiro não era corrupto. Era tarde, claro, para JK. Mas não para a reparação histórica.

Iris Rezende e Vilmar Rocha | Foto: Divulgação

Mesmo numa sociedade que bate demais nos políticos, os bodes expiatórios de todos nós — cujos defeitos são ampliados talvez para reduzir os dos outros —, Vilmar é um político que raramente “apanha”. Há, claro, críticos “dolosos”. Mas, na média, é avaliado como um político de bem e do bem.

Recentemente, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado — outro político de rara decência —, convidou Vilmar para assumir a chefia da Casa Civil de seu governo. O presidente do PSD preferiu, porém, indicar outro aliado: o ex-deputado federal Francisco Júnior. Isto se chama descortino, falta de apego ao poder pelo poder. Vilmar e Ronaldo Caiado já se desentenderam, o que é normal no meio político, mas se respeitam. E se respeitam porque os dois sabem que são vocacionados para a política e, ainda, são decentes. Estão acima da média. Há políticos que, uma vez tendo militado no poder, são “sequestrados” pelos empreiteiros, pelos homens de negócio. Vilmar e Ronaldo Caiado escaparam disso — daí o bom nome na praça.

Vilmar Rocha e Fernando Henrique Cardoso | Foto: Divulgação do PSD

A história política de Vilmar Rocha

Na quarta-feira, 15, o presidente da Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto, participará de um almoço com a liderança (Vilmar e outros) e deputados do PSD. Em seguida, no plenário, será feita uma homenagem-registro. Vilmar foi eleito deputado estadual, pela primeira vez, há 40 anos, em 1982, no período da redemocratização do país.

Quarenta anos é quase meio século. Isto quer dizer que Vilmar dedicou — continua dedicando (ele é um dos poucos políticos que sobrevivem, com galhardia, ao fato de não ter mandato) — a maior de sua vida à política. Arrepende-se? Não. O que prova, ainda mais, que se trata de um verdadeiro homem público, altamente vocacionado para a política.

Vilmar Rocha e Maguito Vilela | Foto: Divulgação

Vilmar foi eleito deputado estadual em 1982 e 1986 e foi cinco vezes deputado federal. Inclusive, em 1993, contribuiu para a revisão da Constituição de 1988.

O ex-deputado também tem experiência com a gestão pública, pois foi presidente da Fundação de Esporte (que, a rigor, era uma secretaria) e secretário da Casa Civil e do Meio Ambiente.

Em Goiás, estruturou dois partidos: o PFL (do que foi presidente) e o PSD (do qual é presidente).

Há um detalhe interessante sobre Vilmar. Vários políticos de Goiás vão para Brasília, mas não se tornam políticos nacionais. Pois, a partir de Brasília, Vilmar se tornou um político nacional, um interlocutor privilegiado de vários políticos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Marco Maciel, Jorge Bornhausen, Gilberto Kassab, Guilherme Afif Domingos, entre vários outros. Ele é convocado para discutir política e ideias em vários Estados e até países (no Chile, é visto como um intelectual respeitado).

A interlocução estadual e nacional sugere que Vilmar é um hábil articulador político, desses que sabem fazer política nos bastidores e em público.

Vilmar é um grande leitor, que sabe tudo (ou quase) sobre a política dos séculos 20 e 21. E é um intelectual refinado, com livros publicados. “O Fascínio do Neopopulismo”, publicado no Brasil e no Chile, é uma análise percuciente de um dos maiores fenômenos da política — o populismo, com suas variações.

Aos 72 anos, Vilmar permanece com uma imagem jovial, uma “rocha”. Pode-se até não gostar dele — e pouquíssimos não o apreciam —, mas é difícil, muito difícil, deixar de respeitá-lo como um político de méritos, uma referência.