Euclides da Cunha, Rubem Braga e Carlos Drummond de Andrade são alguns dos repórteres

Euclides da Cunha

Há quem acredite que os americanos inventaram o jornalismo literário. O mais provável é que a invenção seja dos gregos. Não dá para garantir, mas o pai pode ter sido Tucídides, autor da obra-mãe sobre a Guerra do Peloponeso, ou Heródoto. Truman Capote, Gay Talese e Lillian Ross escreveram reportagens e livros do balacobaco. Mas não é possível desconsiderar o extraordinário repórter polonês Ryszard Kapuściński. Talvez seja preciso falar de Albert Londres, jornalista francês falecido em 1932. Mas é vital mencionar notáveis jornalistas brasileiras, como Joel Silveira (a Víbora), Marcos Faerman e, sim, Antonio Callado.

Carlos Drummond de Andrade

A Editora Três Estrelas lança, em julho, o livro “A Realidade Estupenda — As Melhores Páginas do Jornalismo Literário Brasileiro (1808-1945)”, com textos de, entre outros, Euclides da Cunha (“Os Sertões” talvez seja a maior reportagem literária da história, elogiadíssima por Mario Vargas Llosa), Rubem Braga (escreveu reportagens estupendas sobre a Segunda Guerra Mundial, do front italiano) e Carlos Drummond de Andrade.

Rubem Braga

O lançamento da Três Estrelas é imperdível tanto para jornalistas, estudantes e professores de jornalismo, e leitores interessados em reportagens que marcaram suas épocas. As reportagens de Euclides da Cunha para o “Estadão” impediram que o poder, o governo federal, sedimentasse sua versão sobre a Guerra de Canudos.  O engenheiro, jornalista e escritor “reabriu” a história, com seus textos — que, refinados, se tornaram “Os Sertões” —, e ampliou o entendimento da revolta de Antônio Conselheiro. Os ditos fanáticos se tornaram homens de seu tempo. Talvez os fanáticos fossem outros.