Tenente goiano Celso Aquino foi um dos principais responsáveis pela tomada de Monte Castello
13 junho 2015 às 11h45
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“Pelo que ouvi, o Aquino fez miséria com os alemães”, diz o segundo-tenente Ernâni Vidal e foi o primeiro a chegar no topo do Monte Castello
“A FEB Por um Soldado” (Nova Fronteira, 353 páginas), de Joaquim Xavier da Silveira, é um dos melhores livros sobre a participação dos 25.334 brasileiros na Segunda Guerra Mundial, na Itália, entre 1944 e 1945. É justo e não ufanista. “A tarefa principal das operações na Itália era desviar a tropa e efetivos da frente francesa e da frente russa para a frente italiana. (…) O Grande Comando Aliado, mesmo sabendo que as tropas aliadas em toda a Itália eram numericamente inferiores” às alemãs, “determinou que se mantivesse uma atitude ofensiva, para obrigar o inimigo a fixar na península o maior número possível de soldados, aliviando a frente da França e a frente da Rússia. Esse sacrifício das tropas aliadas fazia parte de uma grande estratégia global: enfrentar com eficiência o inimigo em outros setores considerados prioritários pelo Alto Comando Aliado”, escreve Xavier da Silveira. O autor anota: “A infantaria prosseguiu o avanço e um pelotão do I/1º RI, sob comando do tenente Aquino, chegou à crista de Monte Castello, às 18 horas. Enfim, era a vitória”. A tomada de Monte Castello, uma grande vitória dos pracinhas brasileiros, ocorreu em 21 de fevereiro de 1945 — há setenta anos. Aquino, tido como um dos militares mais corajosos e eficientes da FEB, era um tenente goiano.
No livro “Terceiro Batalhão — O Lapa Azul” (Bibliex, 204 páginas), memórias do tenente e, mais tarde, deputado federal Agostinho José Rodrigues, há uma referência mais ampla ao tenente Aquino.
Agostinho Rodrigues, numa conversa com o segundo-tenente Ernâni Vidal, inquire sobre os primeiros homens que tomaram Monte Castello das tropas alemães. “A verdade é que não estou muito certo. Não sei mesmo se fomos os primeiros. Acontece que escurecia e tudo foi muito confuso. O Uzeda [major Olívio Gondim de Uzeda] afirma que o pelotão do Aquino foi o primeiro a chegar ao” topo.
Aquino era o segundo-tenente Celso Patrício de Aquino. Agostinho Rodrigues e Aquino serviram juntos no município de Caçapava. “Parece-me que é do interior de Goiás.” Na Itália, pertencia à Primeira Companhia, a do capitão Everaldo José da Silva.
Agostinho Rodrigues insiste: “Que provas tem o Uzeda?” Ernâni Vidal contrapõe: “Como posso saber? Naquela confusão, quase escurecendo, não deu para ver nada. (…) Seu pelotão [de Aquino] destacou-se. Pelo que ouvi, o Aquino fez miséria com os alemães”. Era mesmo um “cara valente”, sublinha o autor do livro.
Narrativa de Ernâni Vidal, anotada por Agostinho Rodrigues: “A cota 1036 era defendida pelos alemães abrigados em uma casamata de concreto. Aquino, que recebera a missão de destruí-la, atirou-se contra ela a granadas e tiros de bazuca. Não conseguindo seu intento, cercou-a com o pelotão”.
Os praças do tenente Aquino mataram “os quatro alemães que a guarneciam. Depois de perder três homens, penetrou no seu interior, encontrando um deles morto. Mais tarde, ao ultrapassar a Cota 930, tentou capturar 30 alemães que fugiam arrastando um canhão. Não conseguiu seu intento, por culpa dos montanheses da Décima, que atiraram sobre os homens da Segunda Companhia, julgando-os inimigos. O fato é que, além de retardarem a progresso dos nossos e permitirem a fuga dos alemães, os americanos mataram um dos nossos, o soldado Machado, do pelotão Waldir” (Magalhães Pires).
Canção do Expedicionário
https://www.youtube.com/watch?v=GFPb9y9AMqo&ab_channel=FabioBarbiero