Suassuna assume área de imprensa e sua missão é fazer Michel Temer comunicar-se com a sociedade
09 março 2017 às 12h27
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O gestor peemedebista está propondo reformas para destravar a economia, mas tanto o governo quanto Michel Temer comunicam mal com as pessoas de carne e osso
Experiência não falta ao jornalista Luciano Suassuna, desde segunda-feira, 6, chefe da Secretaria de Imprensa da Presidência da República. É uma escolha do secretário de Comunicação, Márcio de Freitas. Ele substitui Douglas de Felice, que assume, na próxima semana, a assessoria do presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos.
Luciano Suassuna trabalhou no “Correio Braziliense”, em “O Estado de S. Paulo” (Augusto Nunes, diretor de redação, o considerava uma espécie de repórter prodígio), no “Zero Hora” (foi correspondente em Paris), na “IstoÉ”, na “IstoÉ Gente”. Dirigiu a área de Conteúdo do portal iG. Ganhou o Prêmio Esso duas vezes. Ele é autor de três livros: “O Repórter e o Poder: Uma Autobiografia” (na verdade, organizou a autobiografia de José Carlos Bardawil), “Como Fernando Henrique Foi Eleito Presidente” (com Luiz Antônio Novaes) e “Os Fantasmas da Casa da Dinda” (com Luís Costa Pinto). Este ganhou o Jabuti de Melhor Livro-Reportagem.
A principal função de Luciano Suassuna é a interlocução entre a Presidência e os meios de comunicação brasileiros e do exterior. Tido como diplomático, portanto de fácil trato, o jornalista é apontado como uma escolha apropriada. Como foi repórter e editor, sabendo das agruras da profissão — inclusive de suas urgências —, tende a facilitar o contato com o governo. Agora, vai depender do presidente Michel Temer, que, se não é necessariamente avesso à imprensa, não se relaciona muito bem com jornalistas. Ao contrário do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não trata mal os repórteres, mas parece ter uma percepção indiferente em relação a eles. Talvez Luciano Suassuna consiga contribuir para que o presidente se “abra” um pouco, deixando de ser tão solene, professoral, glacial e, por vezes, letárgico.
O governo Temer está projetando reformas que, se aprovadas, podem contribuir para destravar ao menos parte da economia. Porém, como o governo comunica mal — e o problema maior é o presidente (deixa a impressão de não ser assessorável), e não sua assessoria —, cristaliza a opinião, que se torna “a” opinião pública, de que as reformas não vão resolver nada; pelo contrário, só vão aumentar a cota de sacrifício da sociedade. A tarefa de Luciano Suassuna é fazer o governo comunicar-se com a sociedade. Mais: é fazer o presidente, quando der entrevistas, comunicar-se com as pessoas de carne e osso. Michel Temer parece falar para seus pares, quer dizer, para o vento.