Senador denuncia que Google e Facebook estão matando os jornais da Austrália

26 agosto 2017 às 10h13

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Os jornais e revistas produzem as notícias que influenciam, mas o faturamento crescente é de que nada produz

Em quase todo o mundo, inclusive no país mais rico da história, os Estados Unidos, o Google e o Facebook estão concentrando recursos e, de alguma maneira, afetando o faturamento dos jornais, sobretudo os mais consagrados. Nos EUA, há uma discussão generalizada a respeito. Porque, mesmo sem produzir as principais notícias que circulam na internet — sobretudo as mais confiáveis e que, de fato, influenciam a sociedade —, o Google e o Facebook acabam canalizando sua divulgação e, ao mesmo tempo, ampliam seu faturamento comercial, ao criar uma rede amplamente integrada (o que os jornais não sabem ou não têm como fazer).
Depois da crise nos Estados Unidos, o protesto mais contundente vem da Austrália. O Yahoo! do país divulgou na terça-feira, 22, que o senador Nick Xenophon “quer que a Comissão de Consumo e Competição da Austrália (ACCC) investigue o impacto que o Google e o Facebook causaram no jornalismo do país. De acordo com o parlamentar, as empresas gigantes de tecnologia monopolizam os ganhos com publicidade digital, o que afeta diretamente os veículos de comunicação” (o texto entre aspas é do Portal Imprensa).
Os australianos discutem a possibilidade de taxar o Facebook e o Google e “direcionar o dinheiro arrecadado para investimentos em projetos ligados a jornalismo”. Nick Xenophon afirma que “eles” (o Facebook e o Google) “estão faturando bilhões de dólares e isso está matando a mídia” da Austrália. “Os questionamentos da ACCC seriam uma luz no fim do túnel para irmos adiante e podermos lidar com o poder de Google e Facebook”, sublinha o senador.
O diretor do Google Jason Pellegrino afirma que a empresa, assim como o Facebook, não é responsável pela suposta “decadência do jornalismo” da Austrália. “Devemos culpar você e eu como consumidores de notícias porque estamos escolhendo mudar nosso comportamento e padrões de como fazemos isso”, ataca o executivo. Parece simples assim, mas não é. Facebook e Google se tornaram gigolôs da produção jornalística internacional, nada pagam para fornecer o material dos jornais, mas faturam, como frisou o senador australiano, bilhões de reais. É menos moderno e limpo do que parece.
O senador denuncia que, ao contrário do que divulga a empresa (1,1 bilhão de dólares), o Google fatura 2 bilhões de dólares com publicidade na Austrália.
O Facebook prefere uma tática mais sutil, quase sugerindo que não se trata de uma empresa capitalista das mais agressivas. “A maioria das pessoas usa o Facebook para se conectar com família e amigos. Queremos ver o jornalismo prosperar na nossa plataforma”, afirma a executiva Aline Kerr. Na verdade, enquanto os usuários conectam-se com seus amigos e familiares, o Facebook conecta-os, direta ou indiretamente, com o mundo dos negócios. É uma troca, digamos, “faustiana”.
Em dezembro sai o parecer do comitê do Senado que debate a gigolagem “publicitária” do Google e do Facebook.