Sai biografia de Helenir Queiroz, ex-presidente da Acieg

15 maio 2022 às 12h22

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É uma das biografias mais abertas e expostas já publicadas em Goiás. Uma história que dilacera, morde, tira o ar da sala
Iuri Rincon Godinho
Helenir Queiroz me procurou em 2021 para ajudá-la a escrever esta biografia. Eu a conhecia como uma empresária forte e determinada, exigente ao extremo. Lembro-me de uma feira de informática em que escolheu um tipo especial de piso para seu estande. Ele era imaculadamente branco e, quando a gente pisava, afundava um pouco. Anos depois vi o mesmo piso nos estúdios da Rede Globo.
Também a via como uma mulher silenciosa, que desaparecia na sua discrição e ressurgia de tempos em tempos em um novo negócio, desafio ou conquista. Mais à frente soube que ela emergiu do nada e que cuidou da mãe e dos muitos irmãos. Que se casou com um menino de um orfanato de Anápolis, meu amigo Adalberto De Queiroz.
Aceitei o convite, discutimos a estrutura do livro que ela já começara a rascunhar. No final foram 23 entrevistas, mais de 20 horas de áudio. Lá pela quinta gravação entendi a complexidade da personagem. Como uma mulher se liberta das probabilidades de miséria e fracasso, tendo nascido em um meio inóspito, quase insalubre e onde o mato crescia literalmente no quarto de dormir?
Para escapar da adolescência difícil ela se refugiou em uma bolha imaginária. Na juventude se agarrou aos estudos como quem abraça o último pedaço de madeira que flutua após o navio afundar.

Helenir sempre planejou sua vida. Depois de formada, a mente de engenheira traçou caminhos e estratégias de maneira contínua. Com disciplina, ela executava etapa por etapa. Sem olhar para trás, sempre achando caminhos. Superou a relação conflituosa com o pai e às vezes difícil com o amado Adalberto. Desenvolveu uma doença silenciosa que quase a matou e que ainda carrega. Foi o pequeno poodle que ladeou com os rottweiler da política e da classe empresarial.
Com sua vivência de empreendedora, sua visão de mundo moldada por conhecimento, viagens e observação ela mostra uma espécie de mapa do tesouro para vencer mesmo quando tudo parece sombra e escombro. Para prosseguir quando o melhor caminho é o pior dos mundos.
Helenir não queria só contar essa história, ela desejou ser sincera. Disse-me isso dezenas de vezes. Com certeza essa é uma das biografias mais abertas e expostas já publicadas em Goiás. Uma história que dilacera, morde, tira o ar da sala. Eu sei. Senti isso muitas vezes ao ouvi-la e depois ao escrevermos juntos.
Mas no final tudo acaba dando certo.
De um jeito ou de outro.
(Prefácio do livro)