O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama, de 63 anos, tal como Abraham Lincoln (o crítico Edmund Wilson diz que a prosa concisa dos Steites deriva, em larga medida, da prosa de Lincoln, que, leitor mesmerizado de Shakespeare, escrevia seus belos discursos), é um leitor de primeira linha de livros de ficção e não-ficção. Todo ano ele divulga sua lista de livros favoritos — a de 2024 saiu na segunda-feira, 12. As obras, se já não forem, se tornam best-seller, porque o político, formado em Direito, em geral só indica livros de autores do primeiro time.

De acordo com o “Estadão”, todos os títulos selecionados foram lançados em 2024, com exceção de ‘Of Boys and Men: Why the Modern Male is Struggling, Why it Matters, and What to do About it”, de Richard Reeves, que é de 2022.

Barack Obama (biografado por David Remnick), ao divulgar a lista, disse: “Li alguns livros incríveis nos últimos meses e queria compartilhar alguns dos meus favoritos. Me avise se você tiver alguma recomendação de livros que eu deveria conferir”.

É preciso dizer ao político americano que a literatura latino-americana existe, é forte e de excelente qualidade. Minhas dicas de leitura para Barack Obama: “Bambino a Roma” (Companhia das Letras, 168 páginas), ficção (amparada em fatos reais) de Chico Buarque, e “Rio Sangue” (Companhia das Letras, 320 páginas), de Ronaldo Correia Brito (cuja força literária é impressionante).

“O Estado de S. Paulo” ressalta que “nenhuma das obras foi editada no Brasil até o momento. ‘James’, romance de Percival Everett, está sendo traduzido pela Editora Todavia, com previsão de lançamento para o fim do ano”.

Leituras para conferir em português

O Jornal Opção apurou que, dos 14 escritores listados por Barack Obama, seis têm obras publicadas no Brasil.

A Todavia publicou este ano o excelente “As Árvores” (tradução de André Czarnobai), de Percival Everett. Trata-se de um dos mais notáveis escritores americanos. Lembra, e não vagamente, porém talvez com mais humor e menos secura, o brilhante Ralph Elisson (autor do incontornável “Homem Invisível”, felizmente publicado no Brasil, com duas traduções).

Os ensaios de Hanif Abdurraqib chegaram ao Brasil via Editora Martins Fontes, com o título de “Um Pequeno Demônio na América: Notas em Homenagem à Performance Negra” (432 páginas, tradução de Stephanie Borges).

Embora seja uma prosadora do primeiro time, Marilynn Robinson é pouco comentada no Brasil. A Nova Fronteira publicou três livros de sua autoria: “Além da Razão”, “Em Casa” e “Gilead” (299 páginas, tradução de Maria Helena Rouanet).

A Editora Trama publicou “Longo e Claro Rio” (416 páginas, tradução de Fernanda Abreu), de Liz Moore.

A Bertrand Brasil editou o ótimo livro “Soldados Fantasmas — A História da Esquecida Epopeia da Missão Mais Dramática da Segunda Guerra Mundial” (350 páginas, tradução de Milton Chaves de Almeida), de Hampton Sides.

A Editora Casa da Palavra lançou “Os Casos de Amor de Nathaniel P.” (256 páginas, tradução de Márcia Blasques), de Adelle Waldman.

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