Rombo de meio bilhão levará a TV Record a demitir 32 funcionários em janeiro de 2024

31 dezembro 2023 às 00h01

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Para se adaptar aos novos tempos da comunicação internacional, a TV Globo — o Grupo Globo — demitiu dezenas de jornalistas e atores. Com vários atores, renegociou contratos e novas formas de trabalho. A TV Record também demitiu vários profissionais, mas agora o passaralho será maior.
Em janeiro, logo no início de 2024, a Record vai demitir 32 funcionários de várias áreas. A rede está demitindo aqueles que ganham salários mais altos e os que ficarem terão seus ganhos renegociados. Não se fala mais em salários de 200 mil e 500 mil — mesmo entre apresentadores famosos.
Desta vez, para evitar problemas judiciais, a Record avisou o Sindicato dos Radialistas de São Paulo que iria demitir vários de seus funcionários.
De acordo com o site Na Telinha, “o clima entre os funcionários é pesado pela insegurança para 2024”. Acredita-se, de acordo com comentários feitos nos bastidores, dada a crise da empresa — fala-se num rombo de 547,9 milhões de reais (em 2022, mas com reflexos até hoje) —, que novas demissões serão feitas no decorrer de 2024, talvez ainda no primeiro semestre.
A crise da Record tem a ver com o governo Lula da Silva (PT) — que seria hostil ao grupo do bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus? Na verdade, não. O prejuízo de quase 550 milhões de reais é de 2022 — e o petista-chefe assumiu a Presidência da República em 1º de janeiro de 2023.
O problema da Record é o mesmo da Globo e de outras redes: o faturamento e audiência caíram e tendem a continuar caindo. Porque as verbas publicitárias são divididas, nos dias atuais, com mais empreendimentos de comunicação — tanto locais quanto internacionais.
A Globo parece que saiu na frente na política não apenas de cortar — enxugamentos brutais no jornalismo e no entretenimento (novelas) — trabalhadores. A rede da família Marinho está investindo forte com o objetivo de competir com os gigantes do streaming. Há espaço para quem sabe produzir aquilo que agrada ao público internacional.
A produção de minisséries, séries e documentários é uma saída que pode tornar a Globoplay — a Globo — lucrativa. Mas não no curto prazo. Por enquanto, a empresa está em processo de investimento e não se sabe o que realmente virá pela frente.
Para se ter grandes lucros no streaming é preciso ter uma grande produção de séries (e documentários) e vendê-las em larga escala — portanto, não apenas no Brasil. A Netflix é um sucesso porque conquistou o mundo — não está, logicamente, somente no Brasil. Se a Globo criar produtos que entrem no mercado mundial aí, sim, poderá obter alta lucratividade. Porém, se estiver pensando tão-somente no mercado brasileiro, pode dar com os burros n’água.
Entretanto, se a Globo acordou — quiçá a tempo —, a Record, talvez por confiar na força financeira da Igreja Universal, permaneceu (ou permanece) cochilando — daí o rombo de 547,9 milhões de reais.
O modelo de televisão que a Globo, a Record, a Band e o SBT adotaram ficou no passado e, por isso, está “morrendo”. Demitir a rodo, como fará a Record, alivia o caixa, no curto prazo, mas o problema da rede é muito maior do que profissionais bem-remunerados. A rigor, a rede do bispo “envelheceu” e, em termos de modernidade, está ficando, por assim dizer, “fora do ar”.