Rodrigo Bocardi não tem de se envergonhar de cena íntima. Criminoso é o vazador de vídeo

19 fevereiro 2018 às 17h41

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Desde que consensual, o sexo é belo e prazeroso. O apresentador da TV Globo não deve ficar constrangido
Rodrigo Bocardi, de 42 anos, apresentador da TV Globo (âncora do “Bom Dia SP”), é um jornalista competente — substituiu de maneira notável William Bonner, no período do Carnaval, no “Jornal Nacional”. É o que importa. O resto é perfumaria. Mas é a perfumaria que está se tornando importante nas colunas de fofoca — algumas delas escritas ou editadas por jornalistas profissionais — e ganha destaque na internet, notadamente nas redes sociais.
Por que um homem, ou uma mulher, não podem fazer uma fotografia exibindo sua nudez — guardando-a no celular ou computador — e até mesma enviá-la para alguém que ama ou com quem mantém algum tipo de relacionamento? A rigor, não há empecilho algum — desde que o relacionamento seja consensual e as partes avaliem o comportamento como não extremado e ilegítimo. Mas, dada a ação de pessoas mal-intencionadas — e, por vezes, de hackers, criminosos invasivos e contumazes —, todo cuidado é pouco. De repente, aquilo que era belo, ao menos para duas pessoas, se torna motivo de escândalo, constrangimento e dor.
Alguém divulgou um vídeo íntimo de Rodrigo Bocardi, constrangendo-o. A suspeita reside num assessor de imprensa de figuras conhecidas do meio artístico. Ricardo Feltrin, do UOL, diz que o suposto vazador — que não teve o nome revelado — nega o crime. Mas admite que teve acesso ao vídeo. Os advogados do jornalista sugerem que o assessor é o responsável pela divulgação do vídeo e será processado por “difamação”.
Amigos de Rodrigo Bocardi avaliam que o vídeo é uma montagem. Porém, mesmo que não seja uma montagem, por que divulgá-lo? Trata-se de um crime de qualquer maneira.
Os meios de comunicação, mesmo os sérios, estão numa fase de liberticídio. Publicam a história de Rodrigo Bocardi menos com o objetivo de esclarecer — de iluminar e discutir a sério a questão da privacidade e o direito ao prazer não compartilhável com o público — e muito mais para obter visualizações. O jornalista, portanto, tem o direito de processar tanto os que divulgaram o vídeo quanto os que eventualmente excedam nos comentários.
De resto, sexo é bonito e prazeroso, nada tem de feio — desde que consensual entre as partes —, portanto, mesmo que o vídeo seja verdadeiro (a distorção em si é a divulgação), Rodrigo Bocardi não tem do que envergonhar-se. Quem deveria ficar constrangido, mas não vai, são seus divulgadores — verdadeiros criminosos. A impressão que se tem é que querem tornar o sexo uma coisa excessiva e passível de punição.
Rodrigo Bocardi sai maior do episódio, como ser humano. Fica mais humano. Já o vazador do vídeo prova apenas que é mesquinho, adepto de um tipo de banalidade do mal.
(E-mail: [email protected])