O ex-deputado federal, ao perceber que o PT queria destruí-lo para tentar se salvar, decidiu atacar José Dirceu e o partido de Lula da Silva

Há alguns anos, eu e Cezar Santos entrevistamos Roberto Jefferson, em Brasília. Ele fala pausadamente, não foge de nenhuma pergunta — uma característica do verdadeiro político —, critica duramente seus adversários mas sem levantar a voz e é tremendamente empático. Uma coisa é certa: se abaixar a guarda, o jornalista é mesmerizado pelo experimentado político. Nas respostas a algumas perguntas vistas como incômodas — o repórter é um dos seres mais invasivos da Terra —, o ex-deputado fez ataques mortíferos a José Dirceu, para citar um exemplo, mas não se apresentou como santo ou vítima. Admitiu, isto sim, que fazia parte de um sistema — e como sujeito, operador.

Deu para perceber que Roberto Jefferson aprecia apresentar sua versão de maneira exaustiva, porque sabe, como político e advogado, que este é um dos modos mais inteligentes e funcionais de se defender. Durante a entrevista, percebemos que não gostou de algumas perguntas, sobretudo quando eram repetidas, porque as respostas eram insatisfatórias, mas não demonstrou irritação nenhuma vez.

Roberto Jefferson cantou uma música lírica. Não se trata de um cantor de primeira linha, mas não é desagradável para os ouvidos.

Ao término da entrevista, eu e Cezar Santos conversamos a respeito. Concluímos que havíamos entrevistado um artista, um ator de primeira linha. Ele representa, o que não quer dizer que falseia. Roberto Jefferson “manipula” a partir da exposição da verdade.

O homem que destruiu a carreira política de José Dirceu e abalou o PT de Lula da Silva ganha um biografia “Roberto Jefferson — O Homem Que Abalou a República” (Record, 364 páginas), de Cássio Bruno.

O ex-deputado federal, ao perceber que o PT queria destruí-lo para tentar se salvar, decidiu atacar José Dirceu e o partido de Lula da Silva. É bom de briga.l