O Brasil tem uma esquerda positiva — cujo melhor exemplo é o presidente Lula da Silva, do PT, um democrata. O petista-chefe é moderado e nada tem de radical.

O país tem uma direita positiva e democrática, cujos integrantes mais proeminentes são os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil; de São Paulo, Tarcísio de Freitas (o mais anti-bolsonarista dos bolsonaristas), e de Minas Gerais, Romeu Zema, do partido Novo.

A nação patropi conta com uma extrema-direita que, anti-democrática, é golpista. O bolsonarismo usa a democracia, que confere liberdade a todos, para combatê-la. Jair Bolsonaro é uma espécie de Plínio Salgado que chegou ao poder, a despeito de que, embora tenha uma mente totalitária, não chega a ser fascista — ao contrário do que apregoa a tática de combate da esquerda pouco rigorosa com conceitos históricos.

O que piora Lula da Silva não é Lula da Silva nem o PT. O que piora Lula da Silva e o PT são as companhias internacionais — os parças, digamos assim.

Daniel Ortega, Nicolás Maduro e Miguel Díaz-Canel: ditadores de esquerda | Foto: Reprodução

Ao dispensar o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega — o Anastasio Somoza da esquerda —, Lula da Silva ganhou um ponto. É certo que, ao expulsar o embaixador brasileiro, Daniel Ortega, cuja vice-presidente é sua mulher (o que prova a total falta de compostura moral), dispensou Lula da Silva primeiro.

Mas relevante mesmo é que Lula da Silva, portanto o Brasil, livrou-se da Nicarágua de Daniel Ortega. Há uma ditadura a menos para “amar”.

Agora, com o mundo todo de olho no Brasil e em Lula da Silva, só falta dispensar a Venezuela.

Se dispensar a Venezuela — e nem precisa dispensar Cuba, que não tem importância no concerto da política internacional —, Lula da Silva poderá carimbar o passaporte para o quarto mandato presidencial. Porque terá eliminado, de vez, a imagem de que, por causa das alianças externas, é um radical de esquerda, um quase-comunista.

A direita, a civilizada, e a extrema-direita, a bárbara, terão, de alguma maneira, de revisar a maneira como apresentam Lula da Silva ao país. Mas, claro, depende do petista — uma inteligência privilegiada, ainda que não intelectual — descartar, sem meias palavras, o Nicolás que, de tão Maduro, apodreceu.

A queda definitiva de Nicolás Maduro pode ser a salvação político-eleitoral de Lula da Silva. Mesmo se o venezuelano permanecer no poder, às custas de ter corrompido as forças armadas, o petista-chefe, se conseguir se afastar dele e condenar sua ditadura, já terá um currículo positivo (de democrata) e tanto.

O inferno de Nicolás Maduro pode ser o céu de Lula da Silva.