Ex-professor de Cambridge afirma que “o impacto de ‘Os Protocolos’ sobre Hitler foi indireto”. Não há provas de que “as ações nazistas resultaram de uma leitura do documento”

“Conspirações Sobre Hitler — O Terceiro Reich e a Imaginação Paranoica” (Crítica, 266 páginas, tradução de Renato Marques de Oliveira), do ex-professor de Cambridge Richard J. Evans, contém cinco ensaios. Um deles, “Os Protocolos foram uma ‘autorização oficial para o genocídio?’”, de 31 páginas, é comentado neste texto. O artigo versa sobre o célebre opúsculo “Os Protocolos dos Sábios de Sião”.

Publicado no início do século 20, o livreto “Os Protocolos dos Sábios de Sião”, atribuído aos judeus, é uma farsa. Não foi elaborado por judeus.

A filósofa judia alemã Hannah Arendt disse que “Os Protocolos” são “o principal texto do nazismo, e chegou a chamar Hitler de ‘estudante’ ou ‘pupilo’ do tratado”. O psicólogo social Jovan Byford sustenta que o panfleto chegou a ser “a pedra angular da propaganda nazista”. O historiador Wolfgang Wippermann percebe “Os Protocolos” como “a mais eficaz de todas as teorias da conspiração”.

O nome do documento conhecido como “Os Protocolos dos Sábios de Sião” é “Dos relatórios dos ‘homens sábios de Sião’ sobre as reuniões realizadas no âmbito do Primeiro Congresso Sionista na Basileia em 1897”.

Richard Evans: ex-professor de Cambridge desmonta várias teorias conspiratórios envolvendo o nazismo e Hitler | Foto: Reprodução

Evans diz que, “desconexo, caótico e desarticulado, o documento está longe de ser um exemplo de retórica antissemita. (…) É perceptível que muitas das ideias centrais da ideologia antissemita estão ausentes” de “Os Protocolos”. “Tampouco encontramos no documento imagens racistas e antissemitas modernas; em lugar nenhum os ‘sábios anciões de Sião’ mencionam as características raciais dos judeus. (…) ‘Os Protocolos’ em si não foram de fato influenciados de modo algum pela teoria racial.”

Stephen Bronner notou que “o documento” carece “dos fundamentos primitivos biológicos e pseudocientíficos tão admirados por fanáticos mais modernos como Adolf Hitler”. O panfleto não menciona nem comunismo nem bolchevismo. “O documento não representava nem o antissemitismo tradicional nem o moderno”, frisa Evans.

De acordo com Evans, “o que pôs ‘Os Protocolos’ em ampla circulação foi, acima de tudo, sua pretensão de fornecer evidências autênticas de que a conspiração judaica mundial emanava de um centro organizacional da própria comunidade judaica internacional. E, no entanto, ‘Os Protocolos’ nada tinham de autênticos”.

“Os Protocolos” surgiram na Rússia, mas são uma mistura de “informações” divulgadas na França e na terra de Fiódor Dostoiévski. “Foi na Rússia”, assinala Evans, “que as ideias incluídas em ‘Os Protocolos’ encontraram sua síntese definitiva. Os cerca de 8 milhões de judeus da Rússia estavam sujeitos a inúmeras restrições legais”.

Os Protocolos dos Sábios de Sião: a farsa não foi escrita por nenhum judeu | Foto: Reprodução

Ante a reação dos judeus às restrições, partidários do czar e da Igreja Ortodoxa patrocinaram “uma violenta e extrema onda de antissemitismo”. Evans diz que “foi nessa atmosfera de crescente tensão política que ‘Os Protocolos’ vieram a domínio público. O documento foi publicado pela primeira vez, embora sem a seção final, no outono de 1903, em um jornal editado por Pavel Aleksandrovich Krushevan, destacado antissemita que havia patrocinado um massacre em Kishinev” que resultou na morte de 45 judeus “e mais de mil casas e lojas de judeus” foram “destruídas”.

Em 1905, Sergei Nilus publicou uma edição revisada de “Os Protocolos”. O pequeno proprietário “aprimorou a qualidade da linguagem e adicionou material, criando uma falsa ligação entre ‘Os Protocolos’ e o Congresso Sionista da Basileia. “O Discurso do Rabino”, de Sir John Readclif (na verdade, o alemão Herrmann Goedsche), inspirou as mudanças introduzidas por Nilus.

Evans pontua que “o mais provável é que, em 1902, ‘Os Protocolos’ tenham sido efetivamente elaborados no sul da Rússia. O compilador desconhecido juntou parte de ‘O Discurso do Rabino’ e da sátira de Joly” [“Diálogo no Inferno Entre Maquiavel e Montesquieu: Ou a Política de Maquiavel no Século XIX, Por um Contemporâneo”, de Maurice Joly] com uma mistura das supostas decisões do Congresso Sionista da Basileia para formar o texto final de ‘Os Protocolos’”.

Segundo Evans, “em sua forma final, ‘Os Protocolos’ eram uma colagem feita às pressas, um misto de fontes francesas e russas, e sua natureza confusa e caótica atesta o desmazelo e a incompetência com que as partes foram compiladas. (…) a montagem final foi sem dúvida feita na Rússia”. Mas não se sabe “quem produziu essa versão final”. Pode ter sido Krushevan? Talvez.

Chegada dos “Protocolos” na Alemanha

Antissemitas fanáticos, Piotr Nikolaievich Schavelski-Bork e Fiódor Viktorovich Vinberg — que avaliavam que a Guerra Mundial (a primeira) e a Revolução Russa de 1917 eram “criações” dos judeus — imprimiram uma versão de “Os Protocolos” na Alemanha e dera uma cópia para Ludwig Müller von Hausen, fundador da Associação Contra a Presunção dos Judeus, uma organização de extrema-direita. Traduzido para o alemão, o panfleto foi publicado por Hausen, em janeiro de 1920.

“Os Protocolos” fizeram “sucesso instantâneo nos círculos da extrema direita. O texto foi impresso cinco vezes antes do final de 1920 e em poucos meses vendeu mais de 120 mil exemplares. Em 1933 [quando Hitler chegou ao poder], somava 33 edições”.

Autor da biografia “Adolf Hitler — Os Anos de Ascensão: 1889-1939” (Amarilys, 984 páginas, tradução de Renate Müller, Karina Janini, Petê Rissatti, Simone Pereira), Volker Ullrich escreve que, “com a publicação em alemão de ‘Os Protocolos dos Sábios de Sião’, a teoria da conspiração tornou-se um dos mais importantes elementos da propaganda étnico-chauvinista alemã”. A derrota “da Alemanha em 1918, a queda do regime do cáiser e a chegada da democracia na República de Weimar” eram responsabilidade dos judeus. Eles haviam “triunfado”. Espalhou-se, então, que, agora “poderosos”, os judeus não escondiam mais que eram autores dos “Protocolos”.

O general Erich Ludendorff leu e recomendou “Os Protocolos”. Evans enfatiza que, “nos primeiros anos da República de Weimar, o documento claramente influenciou um grupo secreto de jovens conspiradores extremistas de ultradireita conhecido como Organização Cônsul”. Seus membros assassinaram o empresário e ex-ministro judeu alemão Walther Rathenau. Ele patrocinava um acordo benéfico para a Alemanha e a Rússia. Os extremistas disseram que “o acordo era produto da conspiração judaica internacional descrita em ‘Os Protocolos’”.

Além de “Os Protocolos”, os alemães racistas e antissemitas estavam influenciados pelo francês Artur de Gobineau e pelo britânico Houston Stewart Chamberlain. “O antissemitismo tornou-se uma parte central da ideologia de extrema direita”, afirma Evans.

Adolf Hitler descobre “Os Protocolos”
Joseph Goebbels e Adolf Hitler, nazistas da Alemanha: dois entusiastas do uso político de “Os Protocolos dos Sábios de Sião” | Foto: Reprodução

Na Baviera, os judeus eram atacados com frequência por antissemitas. Dizia-se que os judeus estavam por trás de tudo, tramando contra a Alemanha e seu povo. “Foi nesse ambiente, e não diretamente de ‘Os Protocolos’, que Hitler adquiriu as crenças antissemitas que seriam tão centrais em sua mundividência”, postula Evans.

Hitler faz sua primeira menção aos “Protocolos” em notas que organizou para uma reunião realizada em 12 de agosto de 1921”. Evans ressalva que a biblioteca de Hitler não continha nenhum exemplar de “Os Protocolos”. É provável que “Hitler ouviu sobre ‘Os Protocolos’ indiretamente”. Seu primeiro mentor, Dietrich Eckart, pode ter lhe falado sobre o panfleto.

Na biblioteca de Hitler havia um exemplar de “O Judeu Internacional: O Problema Capital do Mundo”, de Henry Ford. O livro do industrial americano inclui uma exposição sobre “Os Protocolos”.

Joseph Goebbels ficou sabendo a respeito de “Os Protocolos” a partir da leitura do livro de Henry Ford, em 1924. Depois, leu o documento, pois queria saber sobre a “questão judaica”.

Em 1923, com a hiperinflação corroendo o poder de compra dos alemães, Hitler fez uma referência aos “Protocolos”. “De acordo com os ‘Protocolos’ sionistas, a intenção é fazer com que as massas se submetam pela fome a uma segunda revolução [depois daquela de 1918] sob a estrela de Davi”.

No mesmo ano, Hitler tentou um golpe de Estado e foi preso. Na prisão, escreveu o livro “Minha Luta”, seu ideário, no qual faz referência aos “Protocolos”.

Philip Graves desmonta a farsa dos “Protocolos”

Um pouco antes, em 1921, o jornalista Philip Graves, do “The Times”, publicou que “Os Protocolos” haviam sido plagiados de um texto de Maurice Joly. Eram uma falsificação grosseira. O repórter relatou que a descoberta havia sido feita por Mikhail Mikhailovich Raslovlev.

A farsa dos “Protocolos” foi desmontada por Graves, em agosto de 1921. Evans anota que “a acusação de embuste apareceu em detalhes na Alemanha em 1924 e recebeu ampla divulgação”. Portanto, Hitler possivelmente ficou sabendo que o documento era uma farsa e não havia sido elaborado por judeus.

Mesmo assim, Hitler continuou avaliando “Os Protocolos” de maneira “positiva”. “O fato de que os judeus detestavam ‘Os Protocolos dos Sábios de Sião’, declarou Hitler [“Em Minha Luta”], fomentava alegações de que eram ‘baseados em uma ‘falsificação’, o que constitui a prova mais segura de que são genuínos’.”

No seu diário, Goebbels anotou: “Creio que ‘Os Protocolos dos Sábios de Sião’ são uma falsificação. (…) Acredito na verdade interior, mas não factual, de ‘Os Protocolos’”.

O filósofo e ideólogo nazista Alfred Rosenberg entusiasmou-se com “Os Protocolos”. Ele “estava convencido”, escreve Evans, “de que havia uma conspiração judaica mundial por trás da Revolução Bolchevique”. Em 1923, elaborou um comentário sobre o panfleto, atacando os judeus.

Mesmo sabendo que “Os Protocolos” eram uma falsificação grosseira, com a qual os judeus nada tinham a ver, o Partido Nazista custeou uma edição barata e “exortou ‘todos os alemães a ler atentamente a aterrorizante declaração dos Sábios de Sião e compará-las ao incessante sofrimento de novo povo”.

Em 1934, dois fascistas foram julgados na África do Sul por distribuírem “Os Protocolos”. Comprovou-se, mais uma vez, que se tratava de uma falsificação. No mesmo ano, em Berna, representantes da comunidade judaica processaram a Frente Nacional Suíça, que andara distribuindo o panfleto e responsabilizando os judeus por sua autoria. Evans registra que, “confirmando que ‘Os Protocolos’ eram fraudulentos e propensos a incitar o ódio contra os judeus, o tribunal concluiu que ‘Os Protocolos’ eram um texto plagiado, obsceno e falsificado, e deu ganho de causa à acusação. O juiz declarou que o documento era ‘um risível disparate’”.

Por causa do julgamento de Berna, que repercutiu em toda a Europa, Goebbels decidiu não usar, de maneira ostensiva, “Os Protocolos” nos “seus pronunciamentos públicos”. Evans sublinha que “é bem provável que os dirigentes nazistas, cientes de que a opinião pública sabia da natureza fraudulenta de ‘Os Protocolos’, e conhecendo as limitações do conteúdo do documento, mantivessem uma contínua relutância em usar ‘Os Protocolos’ como ferramenta de propaganda antissemita. Apenas os antissemitas mais extremistas, sobretudo [Julius] Streicher, citavam o documento com alguma frequência”.

Randall L. Bytwer: nazistas sabiam que “Os Protocolos” eram uma farsa, mas não se incomodavam com isto | Foto: Reprodução

No livro “Believing in ‘Inner Truth’: The Protocols of the Elders os Sion in Nazi Propaganda, 1933-1945”, Randall L. Bytwerk destaca que “as evidências […] sugerem que a liderança da propaganda nazista sabia que ‘Os Protocolos’ não eram o que simulavam ou tencionavam ser. Mas isso aparentemente não incomodou muito os dirigentes nazistas. O que quer que fossem ‘Os Protocolos’, eles serviam como propaganda útil, desde que não se entrasse em excessivos pormenores”. Evans ressalva que, “como ponto programático central na plataforma antissemita do regime nazista, o documento tinha importância limitada”.

O doutor por Cambridge acrescenta que, “embora raramente fizesse referência direta a ‘Os Protocolos’, a retórica antissemita dos nazistas foi, até o fim da guerra, permeada por referências diretas e indiretas a uma ‘conspiração judaica mundial. (…) A propaganda nazista raramente ou nunca mencionava de maneira direta ‘Os Protocolos’ quando se referia à suposta conspiração judaica global. É um erro pensar que cada uma dessas referências era também uma referência ao documento. A ideia de uma conspiração judaica mundial foi disseminada por muitas outras publicações; foi um lugar comum da ideologia antissemita, e a bem da verdade ‘Os Protocolos’ era apenas um exemplo entre muitos”.

Apesar da crença nazista, “a ideia de uma conspiração judaica mundial é irrealista em um grau extremo”, diz Evans. “Jamais vieram à tona evidências, nem sequer ‘provas’ forjadas, que contivessem o menor indício de que os judeus em qualquer parte do mundo estavam recebendo quaisquer instruções emitidas pelos supostos mestres da conspiração.”

Líder da polícia da SS na Rússia Central e “cruel assassino em massa de muitos judeus da região”, Erich von dem Bach-Zelewsli admitiu, depois da guerra, que “o fato espantoso era que” os judeus “não tinham nenhuma organização. (…) Desmente aquele velho slogan de que os judeus estão conspirando para dominar o mundo e são extremamente organizados”.

De acordo com Norman Cohn, no momento em que se diz que estavam organizados para uma conspiração mundial, “os judeus estavam, na realidade, mais divididos do que nunca — entre ortodoxos e reformados, praticantes e indiferentes, crentes e agnósticos, assimilacionistas e sionistas”.

Norman Cohn enfatiza que “‘Os Protocolos’ e o mito de uma conspiração judaica mundial tiveram ‘muito pouco a ver com pessoas reais, situações reais e conflitos reais no mundo moderno’”.

Evans diz que, produto de várias mãos, “Os Protocolos’ eram um texto ‘aberto’ que permitia uma variedade de leituras diferentes”. O mestre britânico avalia que “o fato de ‘Os Protocolos’ serem um embuste era”, para os nazistas, “mais ou menos irrelevante”. Tanto que o livro continuou a ser “cultuado”, mesmo depois da debacle de Hitler e do nazifascismo.

Jovan Byford: “Os Protocolos” geram “encantamento” | Foto: Reprodução

Jovan Byford frisa que, “para o teórico da conspiração antissemita, ‘Os Protocolos’ funcionam como a Bíblia: são um documento histórico que ‘convida ao encantamento, não à interpretação crítica’”.

Evans nota que, apesar de muito comentados, “Os Protocolos” eram lidos por muito poucos (o texto é enfadonho). Vários leitores se contentavam com os “prefácios” que apresentavam o panfleto.

Segundo Evans, “na época em que Hitler e os nazistas colocaram em operação sua própria versão particular do mito da conspiração judaica mundial, ela já havia evoluído para muito além dos prognósticos futuros de ‘Os Protocolos’. Em lugar nenhum de ‘Os Protocolos encontramos qualquer declaração de intenção genocida. O que mais impressiona no antissemitismo nazista, no entanto, é sua visão de uma inescrupulosa conspiração judaica mundial firmemente decidida a eliminar de forma absoluta e total o mundo dos gentios”.

Norman Cohn, avalia Evans, talvez esteja certo ao entender a “versão nazista do mito de uma conspiração judaica mundial como uma espécie de projeção negativa dos instintos destrutivos e genocidas dos próprios nazistas”.

Citando Norman Cohn, Evans anota que “os nazistas retrataram o século 20 como a culminação apocalíptica de milhares de anos de guerra racial, em que ‘o eterno Judeu, esse fomentador de destruição, celebrará seu segundo Purim triunfal, em meio às ruínas de uma Europa devastada’. Tudo isso, entretanto, estava muito distante do futuro projetado pelos ‘Protocolos’, nos quais os gentios abririam mão de sua liberdade em troca de uma ordem mundial paternalista e de muitas maneiras benevolente governada pelos judeus”.

Por que os nazistas, inclusive os mais sofisticados, se empolgaram com “Os Protocolos”? “O conteúdo vago e inespecífico de ‘Os Protocolos’ amalgamava-se perfeitamente ao teor básico já existente na ideologia nazista.”

Durante a guerra, quando os nazistas colocavam o Holocausto em prática, “Os Protocolos” deixaram ser impressos na Alemanha. “Sua mensagem, concluíram os nazistas, não era mais necessária; havia sido substituída pela propaganda mais poderosa e mais direta, a exemplo dos filmes antissemitas ‘O Eterno Judeu’ e ‘O Judeu Süss’, ambos lançados em 1940”.

Portanto, aduz Evans, “o impacto de ‘Os Protocolos’ sobre Hitler e os nazistas foi indireto”. O historiador afirma que não há provas de que “as ações nazistas resultaram de uma leitura do documento. Longe de ser uma revelação, o conteúdo de ‘Os Protocolos’ foi interpretado pelos nazistas como uma confirmação do que eles já sabiam”.

“A Força da Mentira — A Grande Farsa de Os Protocolos do Sábios de Sião” (Educ, 476 páginas, tradução de Miriam Sanger), de Hadassa Ben-Itto, é um amplo estudo a respeito do assunto. É citado nas notas de rodapé do livro de Evans.

 Hess não viajou para a Inglaterra com autorização de Hitler
Rudolf Hess: nazista | Foto: Reprodução

O livro “Conspirações sobre Hitler — O Terceiro Reich e a Imaginação Paranoica”, de Richard J. Evans, contém mais quatro ensaios: “O exército alemão foi ‘apunhalado pelas costas’ em 1918”, “Quem incendiou o Reichtag?”, “Por que Rudolf Hess voou para a Grã-Bretanha?” e “Hitler escapou do Bunker?”

O ensaio sobre Hess mostra que, ao contrário do que dizem as teorias conspiratórias, o nazista voou para o Reino Unido, com o objetivo de negociar a paz com os britânicos, por iniciativa própria. Não foi uma “jogada” de Adolf Hitler — que ficou irritadíssimo — e nem uma “sacada” de Winston Churchill, que ficou desconcertado.

Um dos artigos mostra que Hitler se matou no Bunker e que a teoria conspiratória de que sobreviveu à guerra se deve, em larga medida, a Ióssif Stálin e ao sensacionalismo de vários jornalistas, muitos deles argentinos.