O reitor da PUC, Wolmir Amado, se quiser mostrar grandeza intelectual e administrativa, deveria reconvocá-lo

Arqueólogo e antropólogo Altair Sales Barbosa pediu demissão | Foto: Jornal Opção

A gestão do reitor Wolmir Amado na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Goiás pode ficar marcada como a que silenciou a voz do cerrado na universidade. Quer dizer, pressionado e humilhado pelo grupo que dirige a universidade (uma auxiliar de Amado teria dito que se trata de “um enganador”), o arqueólogo e antropólogo Altair Sales Barbosa pediu demissão. Ele é, sem tirar nem pôr, uma das maiores, senão a maior, autoridades em Cerrado do país. É consultado por pesquisadores de dezenas de países a respeito do assunto. Criado por Altair Sales Barbosa, o Memorial do Cerrado, no Campus 2 da PUC, se tornou uma atração turística. O Instituto do Trópico Subúmido (ITS), devido à sua alta qualidade, é uma referência nacional.

Graduado em Antropologia pela Universidade Católica do Chile e com doutorado em Arqueologia Pré-Histórica pelo Museu Nacional de História Nacional, em Washington, Estados Unidos, Altair Sales Barbosa é aquele tipo de professor que, se lecionasse na Europa ou no país de William Faulkner, seria disputado pelas melhores universidades, como Columbia, Yale, Harvard, Princeton e Stanford. Na PUC, sob pressão, recorreu ao Programa de Demissão Voluntária (cada vez menos voluntária) e se demitiu no início deste mês.

Recentemente, Altair Sales Barbosa concedeu entrevista a Elder Dias, editor do Jornal Opção. A entrevista alcançou repercussão nacional — citada pelo cantor e músico Gilberto Gil e, entre outros, pelo jornalista Chico Pinheiro, da TV Globo — e internacional. Segundo o Google Analytics, obteve mais de 1 milhão de acessos. Curiosamente, todas as semanas, a entrevista é listada pelo Google Analytics como um dos textos mais lidos do jornal. Trata-se do que chamamos na redação de “material permanente”.

Guardadas as proporções, a demissão de Altair Sales Barbosa é como se Charles Darwin estivesse deixando a PUC-GO. O mais surpreendente é que um intelectual do porte de Wolmir Amado, um homem da maior seriedade, nada tenha feito para “segurar” o “Homem Cerrado”. O reitor deveria chamá-lo para uma conversa e convencê-lo a permanecer na universidade. Para o bem da PUC, para o bem do Cerrado e, portanto, para o bem do país.