Por que a UFG e a PUC não apresentam um projeto para que operação tapa-buraco seja mais eficiente?

20 fevereiro 2016 às 11h23

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USP apresenta projeto de pavimentação que pode durar 60 anos

bem um fato, uma rua esburacada. Mas não vai além do lugar comum | Foto: Marcello Dantas/O Popular
Pesquisa da Universidade de São Paulo sugere a possibilidade de um piso para rodovias que dure cerca de 60 anos — mais até do que a pavimentação de países como Estados Unido, Japão e Alemanha. A invenção brasileira custa um pouco mais do que o sistema tradicional, mas, dada a durabilidade, acaba saindo mais barato — sem contar que descarta as frequentes, caras e improdutivas operações tapa-buracos.
O chefe do Departamento de Engenharia e Transportes da USP, José Tadeu Balbo, disse ao “Jornal Nacional”: “Pavimento sem manutenção, principalmente asfáltico, se degrada. E depois que ele se degradou, o ritmo de degradação é muito rápido, então a recuperação é cada vez mais cara e difícil, fora o custo do usuário”. Pesquisadores da USP, registra o telejornal da Globo (retransmitido pela TV Anhanguera, do grupo que edita “O Popular”), “pegaram a tecnologia mais eficiente usada lá fora e estão testando adaptações pra nossa realidade. A base da estrada é feita de aço. Quase a estrutura de construção de um prédio. O que vai impedir rachaduras na pista. Depois vem o concreto. Sem emenda nenhuma. Nada de desníveis. Claro que o sistema é mais caro. Até 40% mais. Mas o professor calcula que o investimento se paga porque a pista pode ficar até 60 anos sem esburacar”.
“A gente precisa, urgente, desenvolver soluções de alta durabilidade pras rodovias no Brasil. O Brasil é um país rodoviário, a ferrovia ainda é muito pouco explorada pra carga, então nós precisamos fazer pavimentos cada vez mais robustos”, sugere José Tadeu Balbo. Rodovias são diferentes de ruas, é claro, mas é preciso pensar também em alternativas mais duradouras para as cidades.
Na edição de terça-feira, 16, o “Popular” publicou uma reportagem, “Buracos chegam a 4,80 metros” (“e oito centímetros de profundidade”), assinada por Vandré Abreu. Não resta dúvida: a situação é assustadora. Os buracos são responsáveis por acidentes e avarias em automóveis. O ter anota: “Alguns motoristas param em frente ao buraco, olham, perguntam à reportagem do ‘Popular’ o que poderia ser feito”. Era a dica para o jornalista escapar ao lugar comum, procurar professores das universidades goianas — engenheiros e químicos, por exemplo — e produzir uma reportagem nuançada, para além do mero sensacionalismo.
Professores da Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC) têm condições de apresentar um projeto para organizar uma operação tapa-buraco que seja mais eficiente e, por isso, menos dispendiosa para o poder público e para a sociedade? Seria possível combinar o asfalto tradicional com concreto ou isto é maluquice de leigo? Em alguns lugares, não seria mais eficaz raspar o asfalto e colocar novo asfalto, em vez de apenas tapar os buracos? A universidade teria condições técnicas — e vontade mesmo — de apresentar um projeto exequível para a Prefeitura de Goiânia?
Se não houve participação das universidades, as prefeituras, não só a de Goiânia — e sim as de todo o país —, continuarão gastando dinheiro em operações tapa-buracos caras e improdutivas, que servem muito mais para “confortar” motoristas, “apaziguar” repórteres e sugerir que gestores municipais não estão “parados”. Os jornais, por seu turno, continuarão tão-somente registrando lugares comuns e colaborando para debates infrutíferos nas redes sociais entre partidários e adversários dos políticos que estão no poder?