Poema Um aviador irlandês prevê a morte, de W. B. Yeats, em traduções de Nelson Ascher e Jorge Wanderley

26 março 2014 às 15h59

COMPARTILHAR
Um aviador irlandês prevê a morte
W. B. Yeats
Encontrarei meu fim no meio
das nuvens de algum céu sobejo;
os que combato, eu não odeio.
também não amo os que protejo;
Kiltartan Cross é meu país,
seus pobres são a minha gente,
nada a fará mais infeliz
do que já era, ou mais contente.
Não é por lei ou por dever,
turba ou políticos, que luto,
mas pelo afã de me entreter,
a sós, nas nuvens em tumulto.
Tudo na mente foi pesado:
nada que espere ou que recorde
vale-me a pena comparado
com esta vida ou esta morte.
[William Butler Yeats (1865-1939), poeta, dramaturgo, critico e ficcionista irlandês. O poema foi extraído do livro “Poesia Alheia — 124 Poemas Traduzidos” (Imago, 378 páginas), do poeta, crítico e tradutor Nelson Ascher. Pode ser conferido na página 99]
Um aviador irlandês prevê sua morte
W. B. Yeats
O meu destino, sem receio
É entre as nuvens que eu o vejo:
Aos que combato, eu não odeio,
Nem amo aqueles que protejo.
Eu sou lá de Kiltarten Cross.
Um dos seus pobres habitantes:
Termine a guerra e logo após
Eles serão como eram antes.
Não luto por lei ou dever,
Políticos ou multidão.
Um doce impulso deu-me a ver
As nuvens e seu turbilhão.
Avaliei tudo: no final
O que há por vir não muda a sorte,
E o que passou fez tanto mal
Quanto esta vida ou esta morte.
[Poema extraído do livro “22 Ingleses Modernos — Antologia Poética” (Civilização Brasileira, 162 páginas), organização, tradução e notas de Jorge Wanderley. O texto pode ser conferido na página 33.]
Na Irish Airman foresees his Death
W. B. Yeats
I know that I shall meet my fate
Somewhere among the clouds above:
Those that I fight I do not hate
Those that I guard I do not love;
My country is Kiltartant’s poor,
No likely end could bring them loss
Or leave them happier than before.
Nor law nor duty bade me fight,
Nor public men, nor cheering crowds.
A lonely impulse of delight
Drove to this tumult in the clouds;
I balanced all, brought all to mind,
The years to come seemed waste of breath,
A waste of breast the years behind
In balance with this life, this death.