Piloto britânico usou um ursinho de pelúcia como amuleto durante Batalha de Londres
25 abril 2015 às 13h46
COMPARTILHAR
A Alemanha de Adolf Hitler quase invadiu a Inglaterra no início da década de 1940. Pilotos nazistas bombardearam de maneira intensa o país, notadamente Londres, e deixaram a população tão assustada que alguns políticos chegaram a cogitar a rendição. Porém, o primeiro-ministro Winston Churchill, alguns nobres, políticos e militares decidiram resistir, contando com a compreensão do sofrido povo inglês. Se Hitler não dominou a terra de Shakespeare, por meio da Luftwaffe (a força aérea alemã), isso ter a ver, em larga medida, com a reação da RAF, a força aérea britânica. Pelo menos 20% dos pilotos da RAF morreram em combate. O “Daily Mail” publicou que “dos 3 mil aviadores que serviram neste período [1940] um sexto morreram em combate”. Por isso Churchill disse: “Nunca tantos deveram a tão poucos”.
Pilotos, como outros soldados, têm seus amuletos. Alguns guardavam cartuchos de balas, fotografias de namoradas ou familiares, imagens de santos. O tenente Stephen Beaumont combateu duramente os ingleses no céu de Londres e cidades próximas. Ao seu lado, na cabine do avião, para “protegê-lo” e fazer companhia, estava sempre o ursinho de pelúcia “Beaumont”. A história voltou à tona porque a família do piloto decidiu vender o ursinho por 10.000 libras “numa conhecida casa de leilões britânica”, relata o jornal “ABC”, da Espanha.
Na Batalha da Inglaterra, em 1940, como ficou conhecida a guerra aérea entre alemães e ingleses (poloneses, americanos, entre outros, participaram da refrega), Stephen Beaumont era um dos mais corajosos e eficientes. Ele, que derrubou vários aviões dos nazistas, pilotava um Spitfire. Por que levava o ursinho de pelúcia?, perguntavam os outros pilotos e seus chefes. O corajoso militar britânico respondia que o ursinho lhe dava sorte.
O ursinho — ou os deuses da vida — deu mesmo sorte a Stephen Beaumont, um dos sobreviventes. Muitos pilotos ficavam quase loucos — viviam sob tensão e dormiam poucas horas por dia —, mas o jovem de 30 anos, tendo “Beaumont” ao lado, ficava tranquilo, sereno. Era seu “medicamento”.
Quando deixou os aviões, após ser promovido a comandante de esquadra, tornou-se instrutor de novos pilotos, a quem ensinou pilotar e usar de maneira mais produtiva Spitfires e Hurricanes. Stephen Beaumont participou da equipe que planejou a invasão da Normandia, em 1944.
Com o término da guerra, Stephen Beaumont, condecoradíssimo, voltou para sua cidade. Atuou como advogado — já era formado quando se tornou piloto — e, mais tarde, como delegado de polícia. Ele morreu aos 87 anos. Detalhe: nunca se desfez do ursinho da sorte.
Recomenda-se aos leitores que se interessam pelo assunto a leitura de “Os Eleitos — Os Nobres Pilotos Norte-Americanos Que Arriscaram Tudo Pela Grã-Bretanha” (Record, 336 páginas, tradução de Renato Aguiar), do jornalista e historiador Alex Kershaw.