Adotando o espírito jocoso, talvez para evitar mais um processo, o jornalista ironiza o que supõe ser o Jornal Nacional, da TV Globo

Paulo Henrique Amorim 43

Quando Paulo Henrique Amorim escreve um artigo ou posta um vídeo, no blog Conversa Afiada, seus advogados devem dizer ou pensar: “Mais um processo!”. Ex-Globo, uma das obsessões do jornalista é criticar a maior rede de comunicação do país, dirigida pelos filhos de Roberto Marinho. É provável que, se adicionasse um pouco mais de humor e fosse menos virulento, a maioria dos juízes decidiria pela não condenação — sugerindo a vigência do chamado “espírito jocoso”. Nesta semana, porém, o jornalista revelou que tem humor. Fez uma crítica corrosiva à TV Globo, mas ao estilo dos humoristas, num vídeo titulado de “Como fazer um ‘Jornal Nacional’”. A crítica pode não ser verdadeira, mas o que sugere possivelmente ocorre em algumas redações do país e de outras nações.

Vestido numa roupa escura, com uma boina — sugerindo, quem sabe, um militar, talvez de pijama (embora o discurso não seja de militar) —, Paulo Henrique Amorim conversa com uma pessoa sobre uma pauta. “É do Tribunal? Souza, é o seguinte, se você for julgar alguma coisa importante hoje eu mando uma equipe pra te filmar”, afirma o editor do Conversa Afiada. “Não precisa me chamar de Henriquinho, Henrique tá bom! Se eu mandar a equipe, você toma [uma decisão importante]? Então pode tomar que vou mandar os cinegrafistas.” A Justiça pauta a Imprensa e a Imprensa pauta a Justiça? É isto que o jornalista está sublinhando.

Ao final da ligação, Paulo Henrique Amorim afirma: “É assim que a gente decide aqui”. Aqui, claro, é a redação do “Jornal Nacional”.

A jocosidade de Paulo Henrique Amorim é passível de processo? Na era do processo, meio usado sobretudo para intimidar e não para esclarecer, tudo é motivo de processo judicial. Porém, pelo menos desta vez, Paulo Henrique Amorim deixa a linguagem rancorosa de lado e apela para o humor.