Pare as máquinas! Saiu uma biografia do grande Alceu Valença

10 junho 2023 às 09h58

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Quem não gosta de Alceu Valença pode até ser bom sujeito, mas raramente será um apreciador de boa música.
Alceu Valença, pernambucano como o gigante Gilberto Freyre, encanta as plateias com seu molejo, digamos assim, musical. Ele empolga, faz dançar e se faz ouvir.
Faltava uma biografia do mestre nordestino. Não falta mais. Está saindo do prelo (ainda se diz prelo?) o livro “Pelas Ruas Que Andei — Uma Biografia de Alceu Valença” (Relicário e Cepe), do jornalista Julio Moura.
Julio Moura, por ser assessor de imprensa de Alceu Valença, pode ter escrito uma hagiografia? Até pode. Mas não importa. Se não há outro estudo de sua vida e de sua arte supimpa, a biografia, por certo, será tudo. O leitor precisa pelo menos de um ordenamento dos dados e informações básicos sobre o cantor-compositor-músico. E, diga-se, há hagiografias boas. E, admito, às vezes aprecio até as mais ou menos e as ruins.
O amigo Juscelino Goulart de Oliveira me pergunta: “Como começar a ouvir Alceu Valença?” Digo que não sei, mas, como não resisto a dar uma dica, falo: “Comece por tudo”. O amigo fica surpreso e diz não ter entendido.
Como eu também não entendi, acrescento: “Comece por um vídeo de Alceu Valença cantando nas ruas de Portugal”. Ele viu o vídeo e agora se considera alceu-valencista. “Já sei mais de Alceu Valença do que tu”, me diz o amigo. É provável.
Com Alceu Valença é assim mesmo: ouviu uma vez, duas vezes e, na terceira vez, a pessoa se torna devota, quer dizer alceu-valencista. Nunca me canso de ouvi-lo. Assim como não me canso de ouvir Zé Ramalho e Chico, o grande César do Brasil. (E tu já ouviu Cássia Eller cantando “Vai morar com o diabo”, de Riachão? Ouça! Se não ouvir, advirto: não vai para o Céu.)
Outro livro de Julio Moura sobre Alceu Valença
Julio Moura parece conhecer Alceu Valença como a palma de sua mão (a frase é boa, mas será que a gente conhece mesmo uma pessoa como a palma da mão? Acho que mal conheço todos os traços das palmas de minhas mãos, que são diferentes — uma parece ter um imenso “K” e a outra não, talvez tenha um imenso “Y”). Tanto que escreveu “A Luneta do Tempo — Um Diário dos Bastidores do filme A Luneta do Tempo de Alceu Valença” (Chiado, 210 páginas).