O programa “Papo de Garagem” era assim, digamos, uma espécie de “Pasquim” da internet.

Ao surgir, em 2017, e se firmar, entre 2018 e 2019, o “Papo de Garagem” conquistou o público porque seus entrevistadores, irreverentes, sabiam como extrair certa irreverência dos entrevistados. Dada a graça escrachada do programa, os inquiridos se abriam e, de alguma maneira, se tornavam (mais) interessantes. Alguns tinham “ataques” de sincericídio.

Como um fogo fátuo, o “Papo de Garagem” desapareceu como surgiu — relativamente rápido. Deixando, por assim dizer, os telespectadores órfãos… temporários.

Jair Bolsonaro e Major Vitor Hugo: aliados e amigos | Foto: Divulgação

Sim, temporários. Porque o “Papo de Garagem”, o filho pródigo — que à casa torna ou, de acordo com Mario Quintana, entorna — está de volta, ao vivo, no YouTube. “O ‘Papo de Garagem’ volta para ocupar um lugar que nunca perdeu, mesmo fora do ar”, afirma, com justa razão, um release distribuído à imprensa.

O “Papo de Garagem” volta ao ar na segunda-feira, 17. O primeiro entrevistado será o sisudão (e unidimensional?) Major Vitor Hugo, ex-deputado federal bolsonarista do estilo cozinha do ex-presidente Jair Bolsonaro. O ex-militar, casado com uma juíza, se apresentará descontraído? Será que vão conseguir tirá-lo do sério? Talvez sim. Será que os “inquisidores” vão perguntar se o ex-parlamentar sabe quem é Hugo de Carvalho Ramos, Bernardo Élis ou Itamar Vieira Júnior?

Por que não entrevistar, na sua primeira edição, o fenômeno eleitoral Gustavo Gayer, deputado federal pelo PL? Será que vão perguntar a Vitor Hugo por que o senador Wilder Morais decidiu barrar sua candidatura a prefeito de Goiânia e empurrá-lo para uma possível disputa em Anápolis?

Na sua trajetória anterior, o programa entrevistou Bolsonaro, João Doria, Álvaro Dias, Jorge Kajuru, Amauri Ribeiro, Carlos Eduardo Belelli (chegou para a entrevista com um fuzil. Esclareça-se: não fuzilou ninguém, ao menos não com o fuzil), Demóstenes Torres, Joice Hasselmann e, sim, o “fantástico” Inri Cristo.

Espera-se que o modelo do “Papo de Garagem” não tenha ficado datado, esgotado. Oxalá não tenha.