Papa Francisco pode renunciar este ano? Imprensa italiana discute o assunto

07 junho 2022 às 10h27

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Por causa de problemas de mobilidade (está usando uma cadeira de rodas), o papa argentino estaria pensando em renúncia. Mas a mente permanece lúcida
Há comentários no Vaticano e em toda a Itália de que o papa Francisco prepara sua renúncia para breve. Mas não são comentários oficiais. Tanto que um dos principais conselheiros e amigos de Bergolio, o cardeal hondurenho Oscar Rodríguez Maradiaga, sustenta que o religioso argentino não planeja renunciar. “Acho que são ilusões de ótica, ilusões cerebrais”, afirma o cardeal a um site católico da Espanha, o Religion Digital.
O papa tem problemas de locomoção, por causa de um joelho, mas a mente permanece extremamente lúcida. Inclusive tem usado cadeira de rodas. Ele é um dos papas que mais tem conexões com a sociedade, que está mais próximo das pessoas e de suas agruras. Não é omisso, não é neutro, ainda que seja ponderado e moderado.

A suspeita de renúncia aumentou depois que Francisco disse que vai visitar a cidade italiana de L’Aquila, em agosto, para participar de uma festa criada pelo papa Celestino V. Este papa renunciou. Quando renunciou ao papado, Bento XVI também visitou L’Aquila. “Com as notícias de que @Pontifex irá para L’Aguila, no meio do consistório de agosto, tudo ficou mais intrigante”, tuitou o jornalista Robert Mickens, autor de artigo, publicado no “La Croix International”, a respeito das especulações.
Jornalistas especializados em Vaticano sugerem que, dado o problema de mobilidade, Francisco poderá renunciar. O religioso aprecia viajar e comunicar diretamente com as pessoas, sem intermediários.
O anúncio de um consistório, para 27 de agosto, no qual se indicará os 21 novos cardeais (dois brasileiros — um de Brasília e outro do Amazonas), é visto como um sinal de possível renúncia. Prevalece a ideia de se indicar um papa mais jovem para substituir Bergolio? Se há tal ideia, a discussão se dá mais nos bastidores da Igreja Católica.
O papa também tem falado de algumas das mudanças que está implementando. Mulheres, por exemplo, poderão chefiar escritórios da Santa Sé. Funcionários sacerdotais terão mandato com limite. Francisco também definiu que a Igreja Católica vai se posicionar a serviço das igrejas locais. O pontífice decidiu descentralizar e desburocratizar a Igreja Católica, tornando-a tanto mais ágil quanto mais forte localmente.
Há pouco tempo, Francisco disse que a renúncia de Bento XVI abriu as portas para outros papas repetirem o gesto. Curiosamente, o religioso argentino sugeriu um papado de dois a cinco anos e está no comando da Igreja Católica desde 2013, há quase 10 anos. Ele gosta de ser papa, mas certamente não quer empecilho às ações da Igreja.
Francisco planeja reformar a Igreja Católica para torná-la mais forte e influente na sociedade global (o papa não é alheio à expansão das igrejas evangélicas na América Latina, notadamente no Brasil, e na África).. Não se trata de um revolucionário, e sim de um evolucionário. Ele está mudando a Igreja aos poucos. Mas está mesmo mudando-a — devagar e sempre —, apesar de resistências de religiosos importante do clero católico. Pode-se sugerir que Francisco está “atualizando” a Igreja Católica, tornando-a contemporânea de seus fiéis.