OpenAI admite pagar por uso de conteúdo de jornais, como o “Times”
07 janeiro 2024 às 00h01
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Quando fornece informações para os leitores, as plataformas de inteligência artificial, como o ChatGPT, da OpenAI, estariam, por assim dizer, produzindo uma espécie de conhecimento novo. Tanto que alguns usuários chegam a divulgar os textos, a partir de suas indicações, como se fossem seus. Na verdade, não é bem assim que ocorre.
Os mecanismos de inteligência artificial não vasculham uma infinidade de fontes para produzir conhecimento necessariamente novo e criativo. Pelo contrário, é mais seletiva do que parece. Como o conhecimento na internet, mais do que disperso ou difuso, nem sempre é seguro — por exemplo na área de produção de notícias —, as plataformas eventualmente “pirateiam” meios de comunicação confiáveis, como o “New York Times”.
Uma investigação mostra que “um chatbot”, de acordo com reportagem da “Folha de S. Paulo”, “forneceu aos usuários trechos quase literais de artigos do ‘New York Times’ que, de outra forma, exigiram uma assinatura para serem visualizados”. O jornal americano sublinha, enfatiza a publicação patropi, “que a OpenAI e a Microsoft deram ênfase especial ao uso do jornalismo do ‘NYT’ no treinamento de seus programas de IA devido à percebida confiabilidade e precisão do conteúdo”.
O Times alega que, além de copiar seu material jornalismo, que tem custo alto, pois sua equipe é altamente qualificada, as empresas, como a criada pela associação entre a OpenIA e a Microsoft, tomam-lhe anunciantes, reduzindo seu faturamento. Por isso está processando as duas empresas.
No Brasil, o Globo não permite que as ferramentas de inteligência artificial tenham acesso ao seu conteúdo jornalístico. A pergunta é: a maioria dos jornais sabe como evitar a suposta pirataria de seu conteúdo?
Dado o alto de sofisticação das empresas, é praticamente impossível verificar se o conteúdo está sendo usado (“furtado”), com ligeiras mudanças estratégicas. Tais modificações, quando feitas com habilidade e apuro pela inteligência artificial, dificultam a comprovação de que, no lugar criar algo novo, se está apenas mutando aquilo que já havia sido publicado.
Porém, como provou o “Times”, é possível verificar como os jornais estão sendo copiados, mesmo com os textos sofrendo transformações, como a troca de palavras e mudanças cosméticas nos textos.
A inteligência artificial é tão positiva quanto incontornável. Agora, deve-se discutir a partir dela. Não há como recuar ou contorná-la.
Mas se trata de uma revolução — mental e tecnológica — com problemas, como mostra a rapinagem das reportagens densas do “Times”. Aliás, ao “copiar” material, uma plataforma divulgou erros e atribuiu-os ao jornal, não a “seu” levantamento malfeito.
A revolucionária e importantíssima OpenAI, “admitindo” (sem o fazer explicitamente) a pirataria, decidiu remunerar jornais americanos. A criadora do ChatGPT ofereceu 5 milhões de dólares — cerca de 24,6 milhões de reais — a publicações do país do presidente Joe Biden.
A OpenAI está prometendo — talvez o que não pode cumprir — respeitar as regras de propriedade intelectual.
Porém, de cara, os jornais contrapuseram que os recursos oferecidos pela OpenAI são irrisórios. E são mesmo. São uma espécie de engana-trouxas. Enquanto isso, como ocorreu com o “Times”, os direitos autorais dos meios de comunicação continuam sendo violados.
A editora alemã Axel Springer Ink (“Político”, “Business Insider”, “Bild” e “Die Welt”) fez acordo com a OpenAI. Assim como outras empresas de comunicação. Talvez tenha prevalecido certo racionalismo imediatista: antes alguma coisa do que nada.
A Apple ofereceu 50 milhões de dólares com o objetivo de conquistar o licenciamento de informações das empresas que produzem jornalismo. A empresa criada por Steve Jobs quer evitar processos judiciais.